O ex-ministro da Fazenda e ex-candidato à presidência Henrique Meirelles concedeu entrevista à Folha de S. Paulo, publicada neste sábado (23), em que analisou a gestão de Paulo Guedes no Ministério da Economia. Para ele, há risco de o Brasil retornar ao tipo de recessão instalada em 2015 e 2016. [1]
“Eu acho que, de fato, romper o teto será um retrocesso enorme. Nós corremos o risco de voltar ao tipo de recessão que tivemos em 2015 e 2016. Tão simples quanto isso”, sentenciou Meirelles, que também foi o criador do teto de gastos na gestão de Michel Temer.
Meirelles disse estar convicto de que a gestão de Paulo Guedes está fracassando. “Ele tem, de fato, dificuldade grande de lidar com o Congresso, mas o fato é que a própria administração econômica não vai bem. Por exemplo, a declaração dele de que vão pedir waiver do teto. Waiver lembra os piores tempos do Brasil”, sintetizou.
O ex-ministro evitou especificar tudo que considera estar sendo feito de errado, ressaltando que o importante é que os fatos estariam demonstrando que “não está funcionando”. Meirelles também demonstrou rejeição à tese de que o principal problema para a economia seria a oposição do Legislativo às políticas de Guedes.
“Quando eu apresentei a proposta de teto de gastos de 2016, não só aqui, mas também os investidores no exterior, me diziam que não ia ser aprovado nunca, que eu estava propondo que o parlamentar limitasse a própria capacidade de gastar. E foi aprovado. Como? Mostrando a realidade. Tendo conversa franca e objetiva”, exemplificou.
Questionado sobre uma eventual volta ao ministério com a vitória do ex-presidente Lula nas eleições de 2022, bem como sua possível candidatura ao Senado, Meirelles preferiu focar no presente. “O que eu estou fazendo no momento é me dedicando à economia de São Paulo, que vai muito bem, está crescendo muito e o importante é que se mantenha esse crescimento”, afirmou.