Um debate sobre os limites da liberdade de expressão ocorrido em um episódio do podcast “Flow”, um dos mais populares do país, transmitido na noite desta segunda-feira (7) repercutiu nas redes sociais. Além de Monark, entrevistador, participaram da conversa o deputado federal Kim Kataguiri (DEM/SP) e a deputada federal Tabata Amaral (PSB/SP). [1]
Em determinado momento, a discussão pairou sobre se deveria ser permitida a expressão de políticos radicais, inclusive nazistas, no debate público. Kataguiri e Monark defenderam que sim, o que gerou críticas nas redes sociais.
“O princípio que eu defendo, e que eu acredito que o Monark também defenda, é que por mais [que seja] absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco o que o sujeito defenda, isso não deve ser crime porque a melhor maneira de reprimir uma ideia antidemocrática e […] discriminatória é você dando luz àquela ideia para que essa ideia seja rechaçada socialmente e então socialmente rejeitada”, defendeu Kim.
Monark, por sua vez, destacou que “deveria existir um partido nazista reconhecido pela lei” e que “as pessoas têm o direito de ser idiotas”.
Questionado por Tabata Amaral que o discurso nazista coloca populações em risco, o apresentador perguntou: “de que forma?”. “Quando é uma minoria, não coloca. Apenas quando [foi] uma maioria”, disse.
Para Tabata, “colocar a existência de alguém em risco não é opinião” e “que é muito perigoso o discurso que fira a existência de alguém”.
“Quando a sua opinião coloca a população como alvo, […] incita a violência, o ódio, e implica em risco a vida de gays, negros e judeus, a sua fala não entra na liberdade de expressão”, defendeu a socialista.
Reação
O debate e as colocações de Monark, principalmente, foram criticadas nas redes sociais. Após a repercussão negativa, tanto Kataguiri quanto Monark vieram à público esclarecer seus posicionamentos
Monark pediu desculpas, disse que “estava bêbado” e “errou na forma que se expressou”.
“[Dei] a entender que eu estava defendendo coisas abomináveis. Errei para caralho, peço compreensão e peço desculpas à toda comunidade judaica. Não queria ser insensível, não foi a minha intenção”, disse. [2]
Em vídeo de esclarecimento, Kataguiri, por sua vez, destacou que “todo mundo na mesa concordou em repudiar, rechaçar e combater o nazismo”.
“A discussão era sobre qual era a melhor maneira de combater o nazismo; se jogando luz às ideias, fazendo um debate às claras – e na minha opinião, é”, disse. “Não teve nenhuma defesa de nazismo, pelo contrário”, reforçou, rechaçando que tem um posicionamento “pró-Israel no Congresso”.
“Os judeus alemães defendem a publicação de ‘Mein Kampf’ não porque eles defendem ideias nazistas, mas justamente para você ver o quanto aquela ideologia é escrota, nefasta e está sendo combatida”, disse.
Kataguiri também avaliou que a repercussão negativa é uma forma de “abafar” sua crítica à participação de radicais de esquerda na grande mídia, bem como o episódio da invasão de uma igreja associado a um político petista.
“Da mesma forma que temos que combater o nazismo no debate, temos que combater e repudiar o comunismo no debate”, defendeu. [3]