A tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro, infelizmente, se tornou tema do momento e quero começar me solidarizando com toda a população da cidade de Petrópolis e, principalmente, com as famílias das mais de 200 vítimas fatais.
Petrópolis é vítima das enchentes, deslizamentos, chuvas, desde sempre, porém, com o passar dos tempos a população também se tornou vítima e refém de uma praga muito mais devastadora: a corrupção endêmica, que impede obras de infraestrutura, prevenção e enfrentamento de enchentes, diminuindo, assim, os riscos para a população!
Segundo investigações do Ministério Público Federal, o erário fluminense teve desviado algo em torno de R$ 4 BILHÕES por parte de criminosos! Todo esse dinheiro foi destinado aos bolsos de pessoas inescrupulosas, deixando, mais uma vez, a população à míngua!
Durante os últimos 15 anos, segundo as investigações, a Secretaria de Obras do Estado do Rio de Janeiro foi transformada em uma máquina poderosa de arrecadar propina. Dos valores arrecadados indevidamente, 5% pagos pelas empreiteiras envolvidas eram enviados ao ex-governador de triste lembrança, Sérgio Cabral e mais 1% para a própria secretaria que, à época, teve 3 titulares presos e condenados. Era a chamada “taxa de oxigênio”.
Somando-se a isso, a Operação Lava Jato levantou nomes recorrentes lista de “apadrinhados” políticos que eram nomeados para manter o propinoduto funcionando a todo o vapor e os levou para as garras da Justiça e para as páginas policiais.
Desde os tempos do Império, pouca coisa evoluiu tanto como a corrupção. Apesar da moderníssima tecnologia que pode, e deve ser empregada para diminuir o risco ou até mesmo evitar tragédias como essa que, ao que parece, é a maior de todos os tempos.
O registro mais antigo de uma enchente na Cidade Imperial data de 1850. Depois em 1930, 1966, 1988, 2011. Sempre deixando seu rastro de destruição! A pesquisadora da Fiocruz Rafaela Facchetti, menciona que há quase 180 anos, o engenheiro Julio Koeler já sabia que a área era sujeita às enchentes e deslizamentos, tendo criando várias regras para a ocupação do solo, as quais foram sendo ‘esquecidas” através dos tempos, em prol de interesses escusos.
A tragédia, portanto, além de anunciada é recorrente. Ora, chover é um ato da natureza, mas deixar que as pessoas sofram intensamente com isso é próprio da incompetência e da ganância humana. E aqui, não me coloco contrária ao lucro advindo do trabalho e da produção, legitimamente conquistado e merecido. Ao contrário! Me coloco frontalmente contrária aos atos de corrupção! Essa corrupção endêmica que assola o nosso país, mas que muitos acreditam não existir.
Não podemos mais admitir que a raposa continue a tomar conta do galinheiro! Corrupção MATA! Infelizmente, a Região Serrana do Rio de Janeiro é testemunha disso!
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil