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Por que Lula não é um político moderado

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Muitos brasileiros se ludibriam com as composições políticas feitas pelo Lula para defender que ele é um político moderado. Contudo, se fazer aliança fosse requisito para se identificar um moderado, Bolsonaro também deveria assim ser definido, já que mantém um governo sustentado em acordos com o centrão. 

O fato é que ser moderado não tem nada a ver com a estratégia política adotada para amparar projetos pessoais, como se manter no poder ou se eleger; pelo contrário, a moderação deve ter o propósito de buscar soluções para o cidadão, para aqueles que o político representa.  O político moderado é um lobista que trabalha pelos interesses do cidadão e não para o próprio umbigo.

Para refutar qualquer tentativa de enquadrar Lula como um moderado é preciso comparar a sua carreira política com as principais características de um político moderado elencadas por Aurelian Craiutu, em “Faces of Moderation”. A primeira característica do moderado é a conquista da lucidez pela busca da verdade. O moderado se abre ao contraditório a todo momento para não se fechar em bolhas de supostas verdades. Ele entende que a veracidade de um fato é conquistada por meio do embate de opiniões e, por isso, ele não se acovarda em seu espectro ideológico. Lula nunca fez isso. Nunca teve a humildade de reconhecer contribuições de ideologias contraditórias às suas e sempre esteve à serviço de supostas verdades produzidas pelo o oportunismo do seu marketing. Pior, inflamou sua militância a atuar de forma radical nessas pautas. 

A segunda característica a se enfatizar em um moderado é a luta contra a barbárie, contra a ilegalidade. Mais uma vez Lula deixa muito a desejar. Quantas vezes se calou contra ataques do MST e destruições de patrimônio público quando esses eram cometidos por grupos políticos de apoio? Moderados nunca se calam diante de um ato contra o Estado de Direito.

O terceiro atributo importante de um político moderado é a crença na democracia como caminho para desenvolvimento. Apesar de Lula se vender como um democrata, é claro, pela sua história, que ele nunca defendeu os valores democráticos com afinco. Pelo contrário, aparelhou as instituições, produzindo verdadeiros teatros que trabalhavam pelo seu projeto de poder; vide escândalos escrachados pelo Mensalão e Lava a Jato. Lula, na verdade, representou um retrocesso em relação ao governo FHC, abandonando o processo de fortalecimento de uma democracia liberal e consolidando o país como uma autocracia.

Por último, destaca-se o fato de o moderado sobrepor o trabalho pelas reformas ao trabalho pelos interesses partidários. Neste quesito fica óbvio o desalinhamento de Lula à postura moderada. O que falar de um governo que ficou 8 anos no poder, com altíssimos índices de popularidade e que não aprovou sequer uma grande reforma para o Brasil? Lula sempre privilegiou o partidarismo e suas pautas identitárias que sustentavam a sua manutenção no poder e deixou de lado as reformas importantes para o Brasil. 

Lula pode ser menos radical que Bolsonaro, mas isso não o transforma em moderado. Longe disso. Temos hoje na frente da corrida eleitoral para presidente da república dois extremistas que atuam contra a democracia e contra o desenvolvimento do Brasil. Podemos escolher por um menos radical que o outro, mas nunca o classificar como moderado. Se não o brasileiro não reagir ao extremismo, continuará em maus lençóis. 


Foto: Divulgação/PT

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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