Gente! Não dá pra descansar.
O povo brasileiro ficou 25 anos de castigo sem escolher quem seria o Presidente da República. Ficou menos tempo sem decidir quem governaria os estados, as capitais e as cidades onde os autores do castigo viam riscos para a Segurança Nacional.
Os agentes públicos fardados e seus bajuladores nos colocaram de castigo por entenderem que cometemos erros graves, gravíssimos, quando, por nós mesmos, escolhemos quem deveria administrar o Estado Brasileiro.
Como pais rigorosos, os generais decidiram que nós sairíamos do castigo devagar, lenta e gradualmente. Então, fomos sendo testados, primeiro com a eleição para governadores em 1982, depois para prefeitos, em 1985 e, aí sim, autorizados a votar para presidente em 1989. para ver se, de fato, aprendemos a lição.
O roteiro faz sentido, mas não foi bem assim que o processo aconteceu. Na verdade, nós fomos empurrando os generais e os bajuladores contra a parede e deles arrancando, com paciência e inteligência, os direitos que eles nos tinham tomado.
Quando voltamos a escolher os presidente, fomos com todo o nosso peso às urnas. Oitenta e um por cento do povo brasileiro votou nos candidatos à Presidência, representando o menor índice de abstenção de toda a História das eleições, para trás e para frente. E só 6% de nós votaram branco e nulo.
Vinte e um candidatos se apresentaram, numa campanha com um nível de liberdade que não se repetiu, porque os legisladores, sendo as mesmas pessoas a disputar os mandatos, entenderam que quanto mais evitassem campanhas livres, mais chances teriam para continuar no comando.
Depois de 1989, o povo elegeu cinco presidentes. Dois deles, Fernando Collor e Dilma Rousseff, sofreram impeachment por decisão do Congresso Nacional com base em leis que nós, constituintes originários, criamos. Os generais já estavam fora.
Então, elegemos 5 presidentes e fomos governados por 8, porque na conta entram Itamar Franco e Michel Temer.
Estamos, agora, bem próximos do momento de, mais uma vez, votar para presidente. Dizem as pesquisas e ouve-se nas ruas, que neste momento só dois candidatos disputam a eleição, Jair Bolsonaro e Lula. Mas, como há outros, isso nos leva para uma eleição em três turnos.
O primeiro está sendo decidido pelas informações divulgadas pelos institutos de pesquisa, dados que formam opinião. O segundo turno será entre todos os candidatos registrados, com base nas campanhas que foram feitas, observadas as restrições impostas pelas leis criadas por quem disputa o pleito. Por campanhas que favoreceram os dois candidatos apontados pelos institutos. O terceiro turno, considerado segundo, será o de confirmação.
Pode acontecer algo diferente disso? Pode sim, porque a decisão do eleitor não foi comunicada à Justiça Eleitoral, órgão que representa o povo na coleta e contagem dos votos. Representa sem que o povo tenha ainda sido ouvido sobre essa procuração, mas, enquanto o povo se der por satisfeito, assim será.
Por esta cadeia de raciocínio, chego a algumas conclusões que desejo dividir com vocês, cuja paciência elástica leva ao que escrevo.
Durante um período longo correspondente a seis mandatos presidenciais de 4 anos, ficamos proibidos de escolher os presidentes. A História diz que chegamos à liberdade para escolher, porque lutamos por ela.
Depois de obtida a liberdade, começamos a vê-la tolhida de maneira sutil e paulatina, pelos legisladores e pela Justiça, que reduzem o nosso acesso às informações essenciais para decidir quem será o presidente.
Para mim – não sei para vocês – está claro que há muita estrada ainda a caminhar até a democracia plena. Por isso, não dá para permanecer sentados num bar à beira da estrada esperando que ela venha até nós.
No Congresso Nacional estão os equipamentos para continuar a viagem, que pode ser feita com gente que nos representa ou por gente que representa a si mesma e aos seus interesses privados.
Por isso, eu vejo a eleição para deputados federais e para um terço do Senado, como acontece este ano, como relevante. E faço uma sugestão: ir com bastante cuidado e paciência na hora de decidir o voto para o Congresso Nacional.
Eu encontrei na página do Livres – www.soulivres.org – uma lista que vale a pena visitar. Mas, outros espaços de consulta existem. O importante é ter a consciência de que ainda não há democracia plena e, portanto, muito trabalho a fazer e a tarefa só pode ser realizada pelo Congresso Nacional, porque nele estão todos os instrumentos para que ela seja realizada. E não me refiro a criar leis, mas a acabar com as que distorcem o processo democrático das decisões que o povo deve tomar.