O Presidente Jair Bolsonaro sabia que não conseguiria vencer no primeiro turno e fez toda a campanha dele com a atenção voltada para o segundo. Colocou ministros e ex-ministros na disputa, organizou a campanha no maior colégio eleitoral do Brasil, São Paulo, e fincou o pé no Rio de Janeiro. Bolsonaro elegeu as ex-ministras Damares e Teresa Cristina, os ex-ministros Rogério Marinho e Marcos Pontes. Obteve ainda como vitória, a eleição de Sérgio Moro e Hamilton Mourão para o Senado.
Lula, por sua vez, jogou todas as fichas para vencer no primeiro turno, por saber do risco que, para ele, representa o segundo turno, ocasião em que Jair Bolsonaro poderá reconquistar os eleitores que perdeu por movimentos que fez após ser eleito. Eleitores que rejeitam Lula.
A convicção do Presidente Jair Bolsonaro da impossibilidade de vencer no primeiro turno estava, certamente, baseada no resultado obtido pelo ex-presidente Lula na eleição de 2018. Condenado e preso, Lula conseguiu colocar Fernando Haddad no segundo turno com quase 30% dos votos válidos (Bolsonaro obteve 46%). No segundo turno, Haddad alcançou 45% dos votos. Era de se esperar que Lula, com a imagem sem a condenação e a prisão, alcançasse esse percentual mais um pouco. Como aconteceu.
Quem avalia estatísticas eleitorais diz que, desde 1989, todos os candidatos à Presidência que partiram na frente para o segundo turno ganharam a eleição e com base nisso, adiantam uma provável vitória do Lula. O dado é verídico, mas em política, como em todo o resto daquilo que diz respeito aos seres humanos, não existe “sempre”, nem existe, “nunca”. Tudo é possível. E já se viu que com Jair Bolsonaro, então, nem se fala.
A estratégia do Presidente Jair Bolsonaro, portanto, venceu o primeiro tempo da eleição. Jair Bolsonaro chegou ao segundo turno com a possibilidade de contar com o trabalho dos ex-ministros agora senadores, de uma bancada de deputados federais que representa um quinto da Câmara dos Deputados e dos ferrenhos opositores do Lula, Sérgio Moro, General Mourão, Deltan Dallagnol e outros. Há também dois governadores de estados de peso. O do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, que, ao vencer no primeiro turno, fica liberado para fazer a campanha do Presidente. Cláudio passou o primeiro turno sem buscar uma identificação direta, numa estratégia que funcionou. E há que se considerar o resultado obtido por Lula em Minas Gerais em contraposição à reeleição do Governador Romeu Zema. Ele, certamente, não terá prazer algum em conferir ao ex-presidente Lula, uma nova vitória em Minas Gerais.
Na semana passada, comentei sobre o esfacelamento do PSDB, reafirmado com a derrota do governador de São Paulo. Na próxima semana, Ciro Gomes será o meu assunto sobre as campanhas deste ano.