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Aos liberais de araque

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Peço licença a vocês para reproduzir aqui de modo completo, um texto da cantora e compositora Ana Carolina, que recebi, no tempo em que veio ao público, como um soco no peito, como um grito de alerta. Não sei o que a compositora fará no próximo domingo com o voto que tem, mas o texto dela facilitou bastante a minha decisão. Vamos lá: 

“Meu coração está aos pulos! 

Quantas vezes minha esperança será posta à prova? 

Por quantas provas terá ela que passar? 

Tudo isso que está aí no ar. Malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. 

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? 

É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração tá no escuro. 

A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam. 

– Não roubarás! 

– Devolva o lápis do coleguinha! 

– Esse apontador não é seu, minha filha! 

Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: Esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. 

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem! 

Dirão. 

– Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba .

Eu vou dizer. 

– Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. 

Dirão. 

– É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal. 

E eu direi. 

– Não admito! Minha esperança é imortal! 

E eu repito, ouviram? 

Imortal! 

Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final! 

Será que tudo o que vi, ouvi e assisti acontecer no Brasil durante os governos do PT foi fruto da minha imaginação? O texto da Ana Carolina, só poesia e retórica? Tem muito liberal de araque por aí a dizer que tudo o que os agentes do Estado Brasileiro fizeram e têm feito é perdoável, pois, afinal, é fundamental que se possa continuar a brincar de ser oposição. 

Faltam poucos dias para que o povo brasileiro diga se está preparado para mostrar aos seus filhos, aos que ainda não podem votar, se é bom que devolvam o lápis do coleguinha.


Nota do Editor: Em algumas publicações da internet, atribui-se o texto à atriz Elisa Lucinda sendo, no entanto, a crônica interpretada pela cantora Ana Carolina, mencionada pelo autor.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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