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Os juízes e o caneco

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*Guilherme Rocha

O esporte faz parte da vida do brasileiro, que pode analisar seu cotidiano sob uma ótica esportiva. Tenho um exemplo ilustrativo. Um jogador, Karlo, do time Estrela Branca, cometeu faltas graves em um campeonato, foi expulso diversas vezes, então penalizado duramente e por fim retirado do esporte. Algum tempo depois, teve sua pena suspensa: o juiz que o penalizou era responsável por autuar os times alvinegros e não alvirrubros, cor de seu time.

Foi-lhe permitido retornar ao esporte. Os adversários que sofreram lesões continuam no departamento médico, alguns deles não poderão mais jogar. Sua comissão técnica passa a articular com jogadores adversários facilidades em troca de um faz-me rir que chega em conta bancária suspeita, como parece já ter ocorrido antes. Chega o segundo semestre do ano e com ele a esperada Copa. A comissão organizadora confere a Estrela Branca a posição de cabeça de chave. O time, de reconhecido peso no âmbito nacional, conquista a vaga na final, após lances polêmicos nos jogos eliminatórios que levaram à demissão de um VAR.

Antes do certame final, o presidente da comissão de juízes impôs aos adversários de Karlo regras recém-elaboradas para garantir a lisura do acirrado evento: deveriam ter três jogadores a menos em campo, inverter o goleiro e o centroavante em suas posições e se abster de contato físico pelo risco de penalidade máxima. O espetáculo se inicia com estádio lotado, milhões acompanhando pelas diversas mídias. A narração dos grandes canais dá sinais de um bolão nos bastidores, com apostas no mesmo vencedor. A partida vai para o tempo complementar com empate, placar elástico, posse de bola 51% a 49% para o time cujas cores, somente as cores, lembram a seleção suíça.

O tempo complementar segue lá e cá, a multidão acompanhando nas arquibancadas. Nos minutos finais, o árbitro em campo aponta a marca da cal: penalidade máxima a favor do Estrela depois de Karlo receber vaia. O VAR foi desacionado. Karlo converte, e sua equipe é campeã. Merecidamente, ele levanta o grande caneco plástico, e seus seguidores ficam em êxtase por anos. Por outro lado, os torcedores das demais equipes seguem suas vidas, mas parece que seu dia a dia cada vez mais se confunde com a Copa.

*Guilherme Rocha é associado do IEE. 

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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