Armínio Fraga é homem de negócios com sucesso comprovado pelo patrimônio e renda que possui. Ele tem dupla cidadania, tanto é brasileiro, como é norte-americano. É tido como liberal, pois que em nossa pátria consideram-se liberais os empresários que juntam dinheiro e têm fortuna, além daqueles que estudam nos livros liberais. Mas, sabe-se que, em razão do que defende e do que fez enquanto esteve no governo, de liberal Armínio tem pouco ou nada e me dispenso de tomar o tempo dos leitores com as comprovações. Basta voltar às notícias do tempo em que ele foi Presidente do Banco Central e um dos gerentes da economia nacional com voz ativa.
Ele defendeu a autonomia do Banco Central do Brasil, participou de oito anos dos governos do Presidente Fernando Henrique Cardoso e durante um tempo foi Presidente do Banco Central, mas foi preciso Paulo Guedes aparecer pendurado no tumultuado governo de menos de 4 anos de Jair Bolsonaro, para que a autonomia do Banco Central se tornasse realidade legal.
Armínio Fraga não é ingênuo. Ele votou no Lula e votou no Marcelo Freixo. Um para ser presidente do Brasil e o outro para governar o estado do Rio de Janeiro e gente como Armínio Fraga não vota simplesmente, mas ajuda, apoia e chancela as escolhas dos amigos e das pessoas que dão ouvidos às suas opiniões. Então, o voto de Armínio Fraga no Lula e no Marcelo Freixo não é um voto simplesmente.
Agora leio no Boletim da Liberdade o grito de arrependimento de Armínio Fraga, com um argumento que subestima a inteligência de quem parar para ouví-lo. Diz ele: “Tínhamos esperança para [repetir] o sucesso do [governo] Lula 1 [2003-2006]. No entanto, o que temos visto aponta mais para o governo Lula 2 [2007-2010] ou até mesmo [o governo] Dilma. Vários sinais já foram dados e eles incluem vários comentários negativos sobre responsabilidade fiscal, que apontam para políticas no que dizem respeito a bancos públicos, estatais, em um sentido intervencionista. O todo é bem preocupante”.
Prestem atenção! Armínio diz que votou no Lula com a esperança de conseguir ter o retorno da gestão praticada por ele quando assumiu pela primeira vez a Presidência da República e cita a título de crítica os demais períodos de governo do mesmo Lula, seja como presidente, seja como mentor e conselheiro de Dilma Rousseff. Daí, cabe a pergunta: O que viu de bom o senhor Fraga no primeiro período de governo do Lula? Uma economia internacional em crescimento, que beneficiou a economia nacional menos do que poderia, pois o Estado Brasileiro é pesado, caro e ineficiente desde sempre? Armínio, porventura, aplaude o ato do Presidente Lula que, no lugar de conseguir a autonomia do Banco Central, queimou energia para blindar o presidente da autarquia, Henrique Meirelles, com o título de ministro, para que o cidadão não fosse incomodado pela Justiça, como aliás, tentou fazer Dilma Rousseff em favor do próprio Lula?
Desconfio que Armínio Fraga votou no Lula e no Marcelo Freixo para dar um troco ou um tranco no Jair Bolsonaro e isso me lembra o discurso que fez Michael Moore, documentarista, em Ohio, solo Republicano, quando lá esteve na campanha de 2016 para a Presidência dos Estados Unidos. Moore foi lá na cova dos leões defender a candidatura de Hillary Clinton. Depois de um discurso inteligente, e com argumentos consistentes, Moore fez um alerta: “Assim, no dia 8 de novembro, dia da eleição, o revoltado vai caminhar para a cabine de votação, pegar uma cédula, fechar a cortina e com uma caneta colocar um X bem grande no nome do seu candidato, que ameaça derrubar o próprio sistema, que arruinou suas vidas… A eleição do Trump será o seu grito de foda-se o sistema. O maldito sistema. E todos se sentirão bem… por um dia, por uma semana… por um mês. E então, se arrependerão, porque usaram o voto para exprimir uma revolta. Estarão ferrados”.
É uma boa resposta para os arrependimentos do Senhor Fraga. Não?