O povo brasileiro votou nove vezes nos candidatos à Presidência da República após 1964 e depois de 1988, ano em que foi promulgada metade da Constituição em vigor. A outra metade sofreu remendos. Das nove vezes que votou, o povo elegeu três vezes o Lula e duas vezes a Dilma Rousseff indicada por ele. Portanto, se pudesse ter sido candidato mais vezes, Lula teria sido eleito não três, mas cinco vezes num conjunto de nove disputas. Ou seja, na maioria das vezes. Está claro, que o povo gosta do Lula e de tudo aquilo que ele representa, como gostou de Getúlio Vargas e de tudo o que ele representou.
Vargas e Lula não representam um Estado interventor, mas o Estado incorporado neles, o que os torna absolutos senhores do destino de uma nação. E não importa o que eles defendem. Ao povo só interessa que seja Lula como foi Vargas mesmo depois de, com um ato covarde, tirar a própria vida e Lula com um ato de coragem voltar para as ruas.
Há como fazer o povo mudar de opinião? Esse é o desafio posto para aqueles que sabem que Lula é somente Lula e as circunstâncias que ele mesmo cria, as piores circunstâncias na vida econômica de um povo. Lula finge não saber ou não sabe – o que dá no mesmo – que jamais haverá bens e dinheiro suficiente no mundo para satisfazer todas as vontades do povo e todos os caprichos da elite que o governa.
Lula, como todo ser vivo, não viverá eternamente. O que será do povo brasileiro após Lula? Será o que tem sido a Argentina após Perón e o Brasil após Vargas. Afinal, o fato de muitos políticos de sucesso mentirem significa que eles sabem que o povo adora acreditar no impossível. Aprendi isso com Thomas Sowell, um professor dono de um talento quase singular entre os liberais: sintetizar o que parece ser complicado com frases de fácil compreensão. Como Thomas Sowell é único, e liberais complicadores são muitos, principalmente, quando somados aos liberais de mentirinha, o povo brasileiro ainda não conseguiu ouvir quem seja capaz de abrir-lhe os olhos para uma questão óbvia: para se ter o que usar é preciso existir quem produz o que será usado.
Nos dois discursos de posse do Lula para o terceiro mandato, quase nada há de diferente dos discursos que ele fez para as outras posses, tendo-se presente o fato de que o primeiro foi gerado há 20 anos e o segundo há 17. O Brasil contraria Cazuza, pois aqui o tempo pára.
Volto a Thomas Sowell: “Não é porque os homens promulgaram Leis que a Personalidade, a Liberdade e a Propriedade existem. Pelo contrário, é porque a Personalidade, a Liberdade e a Propriedade preexistem que os homens fazem as leis”. Os discursos do Lula evidenciam que ele acredita, com convicção, que a Personalidade, a Liberdade e a Propriedade existem porque ele as deseja como um paizão para o povo que ele, com as decisões, escraviza.
Lula é o mesmo, pois o povo é o mesmo e as circunstâncias dele permanecem as mesmas. “Ah! miseráveis, vocês se acham tão grandes, e julgam a humanidade tão pequena que querem reformar tudo. Reformem-se a si mesmos, essa tarefa lhes basta!”. (A LEI, Thomas Sowell).
Se for possível, sejamos felizes em 2023, 2024, 2025 e 2026!
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr