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No talento. Na marra, não.

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Viu-se ontem em Brasília o resultado das atitudes de uma multidão que quer tomar na marra o que não conseguiu no voto. Em Orlando está o político que, de certo modo, provocou o que houve ontem, por só acreditar no voto, quando o voto lhe foi conveniente. Jânio Quadros, o louco, era também assim. Movido por esse jeito de querer fazer as coisas na marra, Jânio renunciou à Presidência da República.

João Goulart, eleito Vice-Presidente para substituir o Presidente, assumiu. Teve dificuldades, venceu as pressões e assumiu, no entanto, o mesmo povo que elegeu Goulart para substituir o presidente, quando ele não mais estivesse, foi às ruas pedir que o Exército o livrasse do presidente indesejado. Jânio, o louco, gostaria que o povo tivesse ido antes. O povo não quis. Jânio frustrou-se.

Naquele momento do Goulart, com o povo nas ruas a pedir que o Exército entrasse em campo, deputados e senadores sentiram-se autorizados a destituir o Presidente da República. O povo acreditou que os interventores mandariam o presidente embora para convocar nova eleição. Não foi assim. Instalou-se a ditadura.

Depois, o povo levou quase uma geração para reconquistar a prerrogativa de, por si mesmo, escolher os governantes. Alguns tentaram reduzir o tempo da ditadura na marra. Muita gente foi presa, torturada, assassinada e andou desaparecida.

Aos poucos voltamos à democracia com o talento de quem aprendeu logo que na marra não seria. Rubem Medina participou de todo o processo de reconquista da democracia, não como mero expectador, mas como um agente político ativo. Ele assumiu o primeiro mandato como deputado federal em 1967 e como tal atravessou o período mais cruel da ditadura construindo, com outros políticos, a saída. Rubem Medina agiu com talento e esse talento está exposto por ele e contado por mim, no livro, “Isso de política, meu caro…”, que está pronto e será entregue ao público no dia 18, às 19 horas, na Livraria da Travessa, no Barra Shopping.

Por aqui, neste momento a democracia está em risco sim e sempre esteve no mundo todo, todo o tempo, porque ela é uma das coisas que quando se tem não se valoriza. É algo como a vida que, enquanto saudável e bela, não é percebida com o exato valor que tem. Por aqui a democracia precisa ser aprimorada até o ponto em que não corra risco de deixar de existir pela ação dos que a defendem contra quem a ela contrária.

Afirmo aos que desejam manter a democracia entre nós e não sabem como, que leiam “Isso de política, meu caro Rubião …”. Amanhã, à noite, minha conversa com Rubem Medina sobre o livro, irá ao ar em forma de podcast. Será no espaço do Aqui tudo é política”, no YouTube.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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