A deputada federal Adriana Ventura (NOVO-SP) concedeu entrevista exclusiva para o Boletim da Liberdade. Ela, que é a nova líder do NOVO na Câmara, fala sobre o futuro do partido NOVO, a defesa da liberdade, como será sua atuação frente ao governo Lula. Em matéria recente o Boletim da Liberdade colocou a deputada na lista de sete parlamentares da 57a legislatura que defendem a Liberdade.
Adriana foi vice-líder do NOVO em 2022 e agora assume a liderança do partido. Com a redução da bancada do NOVO de oito para três deputados, tecnicamente o NOVO não terá uma liderança, terá uma “representação partidária”, mas na prática a função é equivalente à de uma líder.
Boletim: Alguns partidos carregam no nome “liberdade” ou “liberal”. O NOVO é um partido que, apesar de não carregar o título no nome, diz defender a liberdade. Nesses quatro primeiros anos de bancada, o que você percebeu de diferença entre o NOVO e esses outros partidos?
Ventura: Penso que o NOVO é o único partido que de fato luta para que o indivíduo tenha suas liberdades garantidas
na casa. Mas isso não quer dizer que não exista deputados individuais que defendam esta bandeira. Há alguns ótimos deputados de diversas regiões que também batalham por mais liberdade.
Boletim: O NOVO, que se diz um partido de direita, caiu de oito deputados federais na última legislatura para três eleitos. Em contrapartida, um presidente de esquerda reassumiu o poder. Isso quer dizer que a liberdade econômica está fora de moda?
Ventura: Não, isso quer dizer que não temos 4,9 bilhões de reais de Fundão para garantir uma bancada maior. Infelizmente, os dados mostram que a eleição está diretamente relacionada ao tamanho do Fundo Eleitoral – e também – do fundo partidário. Nossa atuação em São Paulo, por exemplo, confirma isso. Todos os nossos candidatos a deputado federal juntos conseguiram captar 5,5 milhões de financiamento privado para suas candidaturas. Considerando um custo voto de 10 reais, conseguimos fazer 1 cadeira.
Em outras palavras: com exceções de candidatos youtubers, o que manda nas eleições é o dinheiro não a ideologia. Além disso, a polarização varreu muitos políticos moderados, que não estavam alinhados nem a Lula e nem a Bolsonaro. E varreu também aqueles que não tinham posicionamento claro, que queriam competir por votos com um dos lados da polarização e com os moderados ao mesmo tempo. No geral, perdemos muitos bons quadros devido à crise política e a radicalização que se instalaram no Brasil.
Boletim: Falando ainda sobre a redução da bancada. Mesmo com oito deputados, o NOVO conseguia ter uma presença atuante nas comissões e na defesa das pautas. A bancada poderá fazer parte de comissões? De quais? Como está essa nova estrutura do NOVO na Câmara?
Ventura: Tamanho não é documento, né? Com oito deputados conseguimos movimentar e colocar em discussão pautas importantes relacionadas à liberdade econômica. E vamos continuar assim, focando nas comissões mais importantes – a de saúde, a de educação e a de constituição e justiça. E vamos batalhar para ter espaço nessas. Também estaremos acompanhando a Comissão Mista de Orçamento ainda que não tenhamos vaga. Além disso, reforçaremos a nossa atuação na área de fiscalização, papel importante para uma oposição racional e baseada em dados.
Boletim: A bancada do NOVO sempre teve uma postura independente ao Executivo, mas nesta legislatura já se colocaram como oposição. Por que é diferente com o presidente Lula?
Ventura: Vamos lembrar que o Novo nasceu exatamente como oposição aos governos petistas, nasceu de uma indignação geral ao tipo de governo que aumenta o tamanho do estado, que não valoriza as liberdades individuais, que aumenta a burocracia, que dificulta a criação e a existência de empresas e com isso aumenta o desemprego e para o crescimento econômico. Em outras palavras: há um antagonismo latente, uma maneira de ver o mundo que parte de pressupostos completamente diferentes. Basta ver a ação do primeiro dia de mandato do presidente de mandar parar o processo de desestatização de oito empresas ou o fato de ter politizado o BNDES colocando o Mercadante na presidência e ainda indo contra a autonomia do Banco Central.
Além de atacar a liberdade econômica, Lula também ataca as liberdades individuais e agora, mais ainda, especialmente a de expressão. Regular a mídia é um sonho antigo do Partido dos Trabalhadores, e agora o atual ministro da Justiça de Lula, Flávio Dino, já prometeu um pacote para regular as mídias digitais e “proteger a democracia”. Absurdo vindo do partido que chama o democrático e legítimo processo de impeachment de Dilma Rousseff de golpe: o que em si é antidemocrático. O governo Lula quer regular o que as pessoas podem dizer e “defender” a democracia enquanto a ataca e tem um histórico longo de outros ataques, como a compra de parlamentares por meio do Mensalão. Só retrocesso. Por isso, não há como não ser oposição.
Boletim: Você foi a deputada da bancada do NOVO que mais aprovou projetos na legislatura passada. O que foi feito da sua parte para alcançar essas vitórias? A aprovação de projetos será um desafio para o NOVO se colocando como oposição ao governo?
Ventura: Na política, há duas coisas importantes: a pertinência do projeto e a capacidade de articulação, de construir uma redação ouvindo o contraditório de fato. Muitos dos meus projetos têm diversos coautores, convidei deputados de partidos diversos até a comporem comigo, com isso você traz para a defesa mais pessoas. Em outras palavras: unir para conquistar. Convergência e diálogo são muito importantes.
Boletim: O que os liberais podem esperar da bancada do NOVO na Câmara nos próximos 4 anos?
Ventura: Vamos continuar atuando em prol das áreas essenciais da administração pública: saúde, segurança e educação. E com prioridade nas pautas de combate à corrupção, fiscalização e orçamento. Não vamos sossegar. Vamos fazer barulho para que projetos ruins sejam barrados. Nosso papel será de guardiões do espírito republicano. Trabalharemos para elevar os debates e tentar promover sempre discussões respeitosas e técnicas. Agora, nós é que somos resistência.