Assim que se encerrou a Idade Média, os ventos do Renascimento convocaram os homens a questionar que tipo de mundo desejariam para si e para sua posteridade. Foi nesse ambiente que, séculos mais tarde – mais precisamente no século XVIII -, a semente plantada nos tempos de Leonardo da Vinci germinou, culminando no nascimento do Iluminismo que, por sua vez, gerou o liberalismo.
Entretanto, o desejo do Iluminismo de retirar os homens debaixo de Deus e colocá-los debaixo da razão fez da razão um deus na figura do Senhor da Razão – o Estado -, que no Brasil, inclusive, possui “santos” intermediadores, como o Ministro Alexandre de Moraes, por exemplo. Sendo assim, cabe a nós, liberais do século XXI, de todos os cantos, defender a liberdade incondicionalmente e salvar a democracia liberal das mãos dos democratas atuais que, como fariseus, defendem a democracia em público, mas a vilipendiam em oculto. Diante disso, devemos nos questionar se não estamos pecando por omissão.
Será que a Constituição americana deixada pelos pais fundadores da América não está sendo rasgada pela descendência dos mesmos? Ou será que os puritanos das 13 colônias que antes exclamavam “Don’t tread on me!” deixaram ao mundo “netos” que estão sendo esmagados pelo Estado americano?
Sabemos todos que o Estado Democrático de Direito está em crise, porque a natureza do Estado entra em conflito com a natureza da Democracia e do Direito. Esse é um problema de harmonia que nem mesmo Montesquieu conseguiria solucionar. O paladar jacobino do Estado anseia por deleitar-se suprimindo liberdades individuais, enquanto a democracia e o Direito se baseiam na proteção das liberdades dos homens. Não será possível agradar a gregos e troianos. Mais Estado significará, inevitavelmente, menos Democracia e culminará na corrupção do Direito. Dar ao Estado essa nobre tarefa é outorgar aos lobos o pasto das ovelhas.
*Rodrigo Ferreira é membro da UJL – Rio de Janeiro