*Por Maria Clara Martins Rodrigues
O professor de Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia, Dennys Xavier, disse no podcast “os sócios”, que na Universidade não tem muito o que fazer porque tudo foi muito tomado pelo exercício da militância, e que ele recebe e-mails de Universidades do Brasil inteiro e é muito raro receber um e-mail sobre ciência, e sobre elementos que realmente flertam com o melhor da reprodução científica. Nas palavras dele: “geralmente é: olha o trabalho sobre gênero, olha o trabalho sobre ‘bom dia a todes’, lacradores e etc. Então a Universidade não foi feita para isso, a universidade sequer é para todo mundo”.
Ele diz que resolveram fazer justiça social no Brasil por meio da Universidade, e que isso é um erro porque a Universidade é um ambiente de ilustração de uma aristocracia do saber. Ele explica que há certas prerrogativas necessárias para frequentar uma Universidade, e que isso não tem a ver com classe, com cor, mas com pré disposição e competência, e isso infelizmente desapareceu. Ele diz: “Todo aquele elemento de formação intelectual, de processo civilizatório, acabou se perdendo”.
É muito dramático que essa seja a situação das universidades federais. Diferente das particulares que são empresas interessadas no pagamento do estudante, a federal teoricamente está interessada em investir naqueles que são considerados como parte da “elite” intelectual do país. Alunos acima da média, que são selecionados através de concursos que selecionam os melhores, para estudarem e, de alguma forma, contribuirem intelectualmente para o seu país.
Mas como bem disse o professor Dennys, isso se perdeu.
No meu curso, que é voltado para a sabedoria, busca entender um pouco de tudo, se debruça sobre assuntos relevantes da vida humana, e está focado em conceituar as coisas da vida e esclarecer pontos essenciais da nossa existência, percebo que o interesse pela verdade diminuiu. A maioria dos estudantes, professores e pesquisadores de Filosofia dizem que é ingenuidade achar que podemos chegar na verdade absoluta sobre alguma coisa ou todas elas, mas geralmente isso não é só humildade, e sim um jeito de relativizar tudo, a fim de que possam espalhar suas narrativas mais facilmente, sem ameaças.
Os que deveriam ser os cientistas e intelectuais do país se reduzem a ativistas à serviço da revolução socialista. Não existe mais honestidade intelectual, tudo é lacração. O anti intelectualismo que eles dizem ser pauta da direita, na verdade é projeto deles.
Os intelectuais não estão preocupados com ciência ou com a verdade, mas sim com política. Os responsáveis por todos os campos do saber da academia, estão abandonando a ciência hoje no Brasil, visto que travam lutas fervorosas contra a própria ciência quando ela diz, por exemplo, que só existem dois gêneros, que há diferenças biológicas entre homens e mulheres e etc.
Eu tive uma aula de filosofia e feminismo semana passada, ministrada por uma mestrando que estava criticando a linguagem escrita, dizendo que a escrita perpetua o machismo na sociedade e portanto deve ser abolida! Veja os absurdos que vêm justamente daqueles que deveriam ser os sábios do país! A escrita é um jeito de passar conhecimento de forma segura, clara, por gerações e milênios, e é um jeito eficiente de comunicar, de educar.
Tenho até preguiça de ter que defender a escrita! É uma coisa óbvia! Chega a ser engraçado, de tão absurdo, chegar a esse ponto porque algumas mulheres se sentem ofendidas porque a língua portuguesa fala “bom dia a todos” em vez de “bom dia a todos, todas e todes”, e usa a expressão “o homem” para se referir ao ser humano. Quer dizer, diante de qualquer gênio do passado, que realmente fez algo pelo mundo, essa crítica contemporânea seria inacreditável.
Essa mestranda disse que deveríamos passar o conhecimento de forma oral porque ele é mais fluido e pode se corrigir mais facilmente. É justamente o que falei anteriormente: a esquerda nos condena ao atraso, ao retrocesso.
Nesse curso de filosofia e feminismo eles falam o tempo inteiro que a mulher é uma construção social e eu mostrei que alguns comportamentos na verdade são puramente biológicos, que ninguém tinha imposto isso à mulher. Uma das professoras disse que era muito difícil e praticamente impossível discernir o que é biológico e o que é construção social, e eu fico me perguntando porque é que ela não se empenha então em tentar descobrir. Entendo que é porque eles têm preguiça intelectual de procurar a verdade, e sabem que encontrá-la não seria interessante, já que a verdade não está ao seu favor. Como diz o Caio Copolla: a direita tem a seu favor a realidade.
No começo do curso de Filosofia e Feminismo, houve uma aula no começo do semestre que a professora “errou” o pronome de uma aluna trans. Apesar de não terem perdoado, a turma entrou num consenso de que a professora não fez por mal, que foi um ato falho, involuntário. Fiquei aliviada que a maioria reconheceu que a professora simplesmente agiu de forma natural, e que para chamar alguém pelo pronome que a pessoa escolhe, fazemos mais esforço do que simplesmente apontar o que qualquer cérebro saudável reconhece assim que vê a pessoa.
A Universidade está emburrecida pela militância. As pesquisas, os trabalhos de conclusão de curso… tudo é enviesado pelo pensamento marxista e suas ramificações, então a gente se depara com um cenário onde há menos desenvolvimento, menos produção intelectual, menos ciência, e mais ideologia, justamente vinda de quem deveriam ser o cientistas.
A esquerda está condenando o nosso sistema ao atraso e à ignorância, porque esse ativismo político não foi algo que se deu naturalmente, mas um projeto detalhadamente pensado pela esquerda, e que hoje está completamente instaurado.
O mundo e o país estão nas mãos dos inteligentes que criam coisas, que inovam, que pensam o que ainda não foi pensado, que usam o que temos para fazer algo que revoluciona o pensamento comum, as tecnologias, a medicina… e infelizmente o Brasil está nas mãos de pessoas que mudam tudo em função de sua ideologia, dão as costas para realidade, e são intolerantes com pensamentos que combatam isso.
A esquerda supostamente humanista é um poço de truculência, e assim fica cada vez mais difícil tentar recuperar o nosso sistema educacional.
Como uma boa otimista, eu acredito que ainda há esperança, e que se contarmos com pessoas esclarecidas e corajosas, que se disponham a enfrentar esse sistema e serem diferentes, a gente consegue virar o jogo. Mas essas pessoas que podem fazer algo precisam fazer parte disso. Há um pensamento muito preocupante na direita contemporânea de deixar nas mãos da esquerda aquilo que eles já tomaram. Uma direita que não quer ir para a universidade federal e prefere que seus filhos não vão também, porque vão se corromper.
Dessa forma estamos entregando os pontos de forma muito omissa e desonrosa. Se os mais esclarecidos não jogarem luz nas sombras, a obscuridade dominará tudo e para sempre.