Como parte de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), anunciado no último domingo (23), a Argentina fará uma série de mudanças em algumas das principais taxas de câmbio do dólar para o país, a fim de conter a saída de divisas.
O Ministério da Economia afirma que as negociações vão garantir ao governo dólares suficientes para cumprir todas as suas obrigações financeiras até dezembro.
Como retorno ao FMI, o banco central da Argentina deveria implementar um plano de grande escala para arrecadar dólares para estabilizar a economia do país.
Como parte disso, cobrará o imposto Argentina Inclusiva e Solidária (PAIS) de 30% sobre algumas importações para evitar que a moeda americana saia do país. Com a mudança, o dólar passa a custar 350 pesos (R$ 6,10) para compras no exterior.
No documento oficial, a Argentina também menciona uma nova oferta de preços para a exportação de alguns produtos locais.
Essa medida visa estimular a economia nacional por meio da elevação do preço dos produtos fora da Argentina. O imposto incide na compra de produtos no exterior com cartão de crédito. Na importação de bens, o ISVS será fixado em 7,5%. A exceção será de itens que serão isentos, como medicamentos e insumos intermediários para a cesta básica, bem como o combustível.
Desafios econômicos
Essas ações são uma forma de enfrentar os atuais desafios econômicos enfrentados pelo país e promover a estabilidade no mercado de câmbio. Os exportadores agora tem a obrigação de repatriar seus rendimentos dentro de um prazo específico, variando de cinco a 15 dias, e as empresas devem solicitar permissão para repatriar lucros para o exterior ou comprar moeda estrangeira.
“Com as eleições presidenciais batendo na porta dos argentinos, o cenário já foi montado. Apesar de Alberto Fernandez não ser candidato à reeleição graças aos devaneios que permeiam todas as esferas de sua gestão, resultando em recorde de inflação, alta no desemprego, políticas que só afastam investidores e quebram produtores nacionais, o governo tem seu candidato que está empatado nas últimas pesquisas com a oposição de centro e de direita’’, avalia a analista política Carol Curimbaba.
O intuito é limitar as operações no mercado paralelo de câmbio. Nesse sentido, ajudariam a combater a especulação cambial e atividades ilegais que possam desestabilizar a moeda.
O governo acredita que essas medidas contribuirão para a recuperação econômica geral do país, garantindo flexibilidade financeira e mitigando o risco de refinanciamento.
Relações com o Brasil
“Qualquer manipulação do cambio é prejudicial, especialmente para uma economia tão machucada e insustentável quanto a da Argentina. Em vez de fazerem políticas de atração de investimentos, teimam em priorizar o contrário com uma receita que já deu muito errado no mundo, inclusive com eles mesmos. Criação de imposto, como está previsto em um dos decretos, pior ainda”, ressalta a analista política.
Os esforços do governo para enfrentar esses desafios por meio de reformas de políticas reforçam o compromisso de estabilizar a economia e melhorar as condições para que os negócios prosperem.
“O atual governo brasileiro tem um apresso especial pelo governo atual dos hermanos. Já houve muitas tentativas de Lula conseguir ceder crédito para Alberto, seja através de nossos bancos públicos, Banco dos BRICS liderados pela companheira Dilma, ou em negociações com outros órgãos, mas todos se mostrando reticentes ao insolvente país’’, destaca a especialista.
O sucesso dessas medidas dependerá de sua implantação efetiva. Além da capacidade do governo de encontrar um equilíbrio entre abordar questões econômicas e manter a confiança do público.