Por Guta Pini
No último dia 09 de agosto de 2023, o Brasil testemunhou mais espetáculo da miséria moral que assola as nossas instituições. Dessa (e mais uma) vez o palco foi o plenário do Supremo Tribunal Federal.
Após a ministra Rosa Weber anunciar que Luiz Edson Fachin foi eleito Vice-Presidente do STF com 10 votos, vencendo o ministro Alexandre de Moraes que recebeu apenas um voto (provavelmente o dele mesmo!), Moraes engatou um “a eleição não foi no TSE” tribunal que ele mesmo preside e de onde têm partido decisões que anulam registros de candidaturas que receberam centenas de milhares de votos, derrubam redes sociais e tornam inelegíveis aqueles que falam o que não deviam. Tudo em nome da democracia, obviamente.
Ainda no espírito daquela alegria vil que gargalha enquanto o povo é silenciado, o Ministro Gilmar Mendes, de forma muito espontânea, arrematou: “vai colocar esse pessoal no inquérito”. O ministro fazia referência ao inquérito 4.781 conhecido como “inquérito do fim do mundo” que foi arbitrariamente aberto em 2019 e não tem previsão de encerramento, contrariando as normas mais básicas do Direito. O inquérito funciona como uma verdadeira rede e quem caiu é peixe!
A mera existência deste inquérito é uma das mais ameaçadoras ilegalidades já perpetradas neste país. Mas fazer piada disso, ainda mais se você for ministro, está autorizado. É uma piada democrática!
O miserável espetáculo protagonizado pelos ministros mostra o quanto eles estão confortáveis e confiantes, resguardados pelo cargo e pela toga que dão a sensação ilusória de estarem acima de tudo, de todos e da Constituição. Ainda mais quando na mesma praça existe um Senado acovardado que é a instituição a quem caberia combater esse arbítrio.
Mas a verdade é que essa confiança toda se limita aos plenários e aos convescotes bem pouco republicanos, a exemplo do jantar oferecido por Gilmar Mendes a Lula, Janja e Zanin, dois dias antes da posse do advogado pessoal de Lula como ministro do STF. Um jantar regado a vinho português e uísque e com muito bacalhau!
É muito fácil manter a pose com a toga, junto das amizades interesseiras e dos bajuladores de plantão. Difícil é ir sair na rua com a cabeça erguida quando falta decoro, falta nobreza de caráter e sobra deboche.