Por Luan Sperandio
Desde o desfecho das eleições de outubro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem enfrentado uma série de reveses significativos que criam desafios cruciais para a continuidade de sua trajetória política e de seus aliados. O ex-presidente foi condenado em junho por abuso de poder político pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que resultou em sua inelegibilidade. A decisão marca um ponto de inflexão em sua carreira, mas é apenas um dos vários elementos que têm contribuído para o crescente desgaste de sua imagem pública junto ao eleitorado.
Entre os incidentes estão a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ocorrida em maio. Essa prisão foi resultado de uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga um suposto esquema de fraude de cartões de vacina envolvendo Bolsonaro, sua filha mais nova e familiares do próprio Cid. Além disso, Cid é alvo de investigações relacionadas ao inquérito das Joias Sauditas e da CPI do Dia 8, o que o coloca em mais uma posição delicada.
O episódio mais recente envolve a saída do advogado de defesa de Cid após uma Operação da Polícia Federal que investiga a venda de presentes oficiais, sob suspeita de enriquecimento ilícito. Esses acontecimentos não só têm minado a credibilidade de Cid, mas também têm contribuído para a erosão da imagem de Bolsonaro, haja vista a conexão natural entre os dois.
Apesar dos obstáculos e desgastes que Bolsonaro enfrenta, ainda mantém uma base ideológica sólida que lhe assegura parte de seu capital político. Ainda é recente o fato de que obteve 49% dos votos nas eleições presidenciais, e, como resultado, permanece como uma força política a ser reconhecida. A retórica incisiva que caracteriza sua abordagem política tem sido a âncora que o mantém conectado a uma parcela significativa da população que compartilha de suas visões.
No entanto, essa mesma força se revela também como um ponto de fragilidade em sua trajetória. A inelegibilidade imposta por decisão judicial não apenas o coloca em uma posição vulnerável, mas também amplifica os desgastes que sua imagem já tem enfrentado, o que gera um afastamento do eleitorado que reside no centro político.
Como presidente de honra do PL, espera-se que Bolsonaro atue como cabo eleitoral nas eleições municipais de 2024, auxiliando o partido a conquistar um número maior de prefeituras. Entretanto, o sucesso dessa empreitada dependerá da capacidade de Bolsonaro de reverter ou minimizar os desgastes acumulados nos últimos meses e de manter o apoio entre a base ideológica.