fbpx

O mercado regulando a regulação!

Compartilhe

Por Hugo Muller

Ao longo da história do Brasil, vimos, por diversas vezes, tentativas de “enganar” a lógica do mercado via regulação de preços. Mais recentemente, temos o exemplo do governo de Dilma Rousseff, que, em meio a uma política expansionista e nada racional economicamente, tentou recorrer a uma forçada diminuição de preços de itens como luz e gasolina para remediar os efeitos da irresponsabilidade fiscal. Os efeitos práticos disso todos conhecem; a regulação de preços não só foi ineficaz na contenção dos efeitos mercadológicos, como também fez com que as contas do governo chegassem a um ponto crítico.

Talvez o rombo causado pelo impedimento de reajustes na conta de luz tenha sido até maior, mas gostaria de focalizar a análise nos combustíveis, não só porque os prejuízos tenham ficado mais em voga na época, mas também porque estamos vendo a mesma política se repetir. Durante o ano de 2023, a Petrobras mudou sua política de preços, deixando de acompanhar os preços internacionais do petróleo e passando a cobrar uma margem sobre seu custo de extração e refino do produto. Dentro desse cenário, teoricamente, o brasileiro compraria o combustível mais barato na bomba do posto – o que não aconteceu também devido aos incrementos de impostos federais, mas isso é assunto para outra ocasião –, e a economia seria impulsionada.

Leia também:  Dezembro e as falsas promessas

O que acontece, na maioria dos casos em que o governo tenta “regular” o mercado, é que nem todos os efeitos são considerados ou são passíveis de regulação, e, consequentemente, o resultado é negativo ou quase nulo. É exatamente isso que está acontecendo. O preço dos componentes dos combustíveis está mais barato quando eles são comprados da Petrobras; entretanto, o Brasil segue necessitando importar combustíveis para complementar a oferta existente na produção interna. As distribuidoras de combustíveis – companhias responsáveis pela compra, mistura e distribuição de, principalmente, gasolina e diesel no mercado interno – ficam no meio dessa disputa entre mercado e governo, tentando equacionar os efeitos e manter a oferta na ponta final.

Leia também:  Dezembro e as falsas promessas

Somente para clarificar o entendimento de como isso funciona: as distribuidoras têm cotas de combustíveis na Petrobras – uma espécie de limite de quanto cada uma pode comprar – e complementam com produto importado caso o disponibilizado pela companhia de petróleo nacional não seja suficiente para suprir a demanda. Como o combustível está mais barato na petrolífera brasileira, ocorre uma corrida pelas cotas de compra e um desincentivo à importação do produto. Um dos efeitos que já estamos vendo desse cenário é a falta de produto – que já está acontecendo em algumas regiões –, principalmente do Diesel S10. Mesmo se não faltar produto, tem-se menos disponibilidade do que deveria, e, como rege a lei de mercado mais básica (lei da oferta e da procura), os preços aumentam quando há uma queda na oferta e estabilidade na demanda.

Leia também:  Dezembro e as falsas promessas

Em suma, o governo, por meio de uma política de preços da estatal, busca diminuir o custo para o consumidor, mas não consegue, pois ou o mercado regula os preços, ou o próprio Estado boicota sua iniciativa, tributando. Mas e quem paga por isso? Nós, todos os brasileiros. O mercado é implacável, ele tira todas as possibilidades de alguém regulá-lo, ele é um sistema perfeito que ajusta as pontas e redistribui os ganhos entre a cadeia. No fim das contas, o governo ganha menos, pois a Petrobras – da qual todos somos sócios – gera menos lucro, e o combustível segue caro. Por que insistir numa política que só trouxe prejuízos no passado e que claramente não deu certo? Não há como regular o mercado, o mercado regula a regulação!

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

Mais Opinião

plugins premium WordPress
Are you sure want to unlock this post?
Unlock left : 0
Are you sure want to cancel subscription?