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Um líder chamado Francisco

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Por Marcus Vinicius Dias*

“A maior necessidade de um Estado é a de governantes corajosos”
Johann Goethe

Neste mês Nosso Senhor decidiu convocar um de seus filhos para despachar diretamente com Ele e deixou a vida pública brasileira mais pobre. Francisco Oswaldo Neves Dornelles foi professor, doutor, procurador, ministro, deputado, senador, governador e, sobretudo, um líder nacional das últimas décadas, que deixa como legado sua trajetória inequívoca de compromisso com a democracia no país.

Herdeiro sanguíneo das duas maiores lideranças políticas nacionais do século passado, Dornelles era primo, por parte de pai, do presidente Getúlio Dornelles Vargas, e sobrinho, pelo lado de sua mãe, do presidente Tancredo Neves. Este último, seu mentor político, de quem fora assessor direto.

No entanto, a despeito dos parentescos, Dornelles teve vida pública própria, sendo deputado constituinte em 1988 e, posteriormente, deputado federal por diversos mandatos, terminando sua passagem como parlamentar no Senado Federal, sempre pelo Estado do Rio de Janeiro. Por diversas vezes ocupou a posição de ministro de estado, em diferentes pastas, o que denota sua versatilidade administrativa e política.

Como servidor público seguiu na carreira do Ministério da Fazenda como procurador e se notabilizou como uma das maiores autoridades em temas tributários do país. Em termos acadêmicos teve formação internacional em Harvard e em Nice, algo, ainda hoje, raro em nossos quadros políticos. Foi também professor universitário na escola que se graduou, a UFRJ, e na Fundação Getúlio Vargas, onde era vice-presidente.

Na vida partidária, participou da fundação do Progressistas, partido em que foi líder na Câmara, presidente estadual e nacional e ocupará, para sempre, a posição de presidente de honra, tanto em nível estadual quanto nacional.

No momento mais delicado da história do Estado do Rio de Janeiro desde a unificação, Dornelles assumiu, por mais de uma vez, a cadeira de governador, assegurando a governabilidade e a normalidade institucional. Basta dizer que o ainda hoje vigente regime de recuperação fiscal, que permitiu ao Estado respirar em termos orçamentários e financeiros, foi sacramentado durante sua passagem como governador em exercício.

Recentemente, na companhia do meu colega médico e atual presidente estadual da legenda que Dornelles ajudou a fundar, o secretário de saúde e deputado federal Luiz Antônio Teixeira Jr, visitei o governador no hospital. Na ocasião, falamos, rapidamente, do nosso América Mineiro, segundo time de coração de Dornelles, tricolor icônico das Laranjeiras. Guardarei essa última lembrança com carinho deste que, sempre gentilmente, me foi um conselheiro precioso, a quem por diversas vezes recorri em busca de orientação sobre como proceder, qual caminho escolher e, sobretudo, com quem andar na vida pública.

Um vazio não preenchível se abriu não apenas na vida da Dona Cecília, da Luciana e da Mariana, seus familiares mais próximos, mas em toda a boa política brasileira. De Milton Campos, patrono do Progressistas que o Francisco militou, disse Carlos Drummond de Andrade, após sua morte, que “foi um homem que todos nós gostaríamos de ser”. Me atrevo a parafrasear o poeta itabirano nesta minha despedida do eterno Francisco Dornelles, um político que todos nós gostaríamos de ter. Descanse em paz!

*Marcus Vinicius Dias é médico e gestor público

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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