As eleições no Equador se encerraram e foram marcadas pelo assassinato de um dos candidatos, ameaças do narcotráfico e um forte esquema de segurança para as votações. O vencedor foi Daniel Noboa com 52% dos votos, jovem empresário de 35 anos que já ocupou o cargo de deputado e na época também foi presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico.
Noboa é de centro-direita, no entanto, defende o liberalismo econômico juntando-
-se aos presidentes do Uruguai, Paraguai e ao candidato nas eleições argentinas, Javier Millei. Sua eleição não deve mudar a geopolítica da América do Sul, por ter quase as mesmas orientações políticas que Guillermo Lasso, seu antecessor. O presidente Lula parabenizou Noboa pela vitória e falou que pretende aprofundar as relações bilaterais entre eles.
Ambos líderes já discursaram que possuem como prioridade na luta contra o crime organizado, apesar de terem divergências políticas, entendem que este é um tema fundamental para assegurar não somente a paz interna, mas também para aproximação, no entanto, diferente do novo presidente equatoriano, Lula vive um clima diferente com o Parlamento brasileiro.
No parlamento brasileiro existe tensão entre o Poder Legislativo e Judiciário, houve obstrução de votações por parte da oposição e a área de interesse entre os dois países teve um decréscimo em relação ao governo anterior. Lula deve fazer mais políticas públicas nesta área se quiser avançar nas relações bilaterais com o Equador em outras áreas.
Entre as propostas de Noboa, estão subsídios para empresas com responsabilidade social em busca de estimular a geração de empregos. Nesse sentido, está uma proposta de tributação diferenciada para empresas de materiais de construção, estímulo ao investimento em construção civil e a retomada de obras públicas abandonadas.
O Equador está em crise de segurança pública, e se tornou um dos países mais violentos da América Latina, com 3,5 mil homicídios registrados nos primeiros sete meses de 2023. A plataforma de Noboa propõe reformas profundas no sistema carcerário, penalização do consumo de drogas em pequena escala e maior investimento em inteligência policial e tecnologia.
O parlamento equatoriano possui maioria orientada para políticas de centro-direita e direita. Desde 2017, governos com orientação mais liberal passaram a protagonizar poder no país. Nesse sentido, Noboa não deverá enfrentar grandes resistências dentro do parlamento para aprovar suas propostas prioritárias.
Noboa é mais uma liderança latino-americana que vê a iniciativa privada como protagonista para o desenvolvimento econômico de um país. As tendências para o Brasil, nesse sentido, são as melhores possíveis dentro do contexto equatoriano.
*Diretor de Relações Governamentais do Ranking dos Políticos