Por Domingos Lopes*
É espantoso como algumas falácias econômicas comuns são facilmente creditadas até por aqueles que se dizem estudiosos do assunto. Uma dessas falácias – a qual, particularmente, considero a pior distorção de todo o campo de estudos sobre economia política – é de que a economia seria algum tipo de jogo de soma zero.
De acordo com essa teoria, sempre quando há algum “vencedor”, seu êxito é conquistado à custa dos demais competidores. Tal premissa é o ponto fundamental de divergências entre o pensamento econômico-político dos progressistas e dos liberais.
Os primeiros operam sob a suposição de que a quantidade total de riqueza material no mundo já está dada, devendo apenas ser redistribuída “de maneira mais justa”. Logo, todo o seu embasamento teórico reside na distribuição de renda e desdobra-se no seu primo desalmado: a desigualdade. Já os liberais preconizam que a desigualdade é uma consequência inevitável do processo de criação de riqueza. Somos indivíduos com aptidões distintas e exitosos em diferentes nichos de atuação e magnitudes. Para estes o tamanho do bolo é hierarquicamente mais importante que a sua distribuição.
Mas vamos lá, o questionamento aqui é muito pertinente. Vale a pena debater políticas redistributivas e assistencialistas sem antes implantar as medidas que realmente garantem crescimento econômico? Será que se redistribuíssemos a renda mais equitativamente não estaríamos minando o sistema de incentivos para novos empreendedores? Não consigo conceber que o debate atual simplesmente ignore esses questionamentos.
Essa falácia do jogo de soma zero embasa uma crença generalizada e nociva de que igualdade e justiça são ideias equivalentes. Esse erro de interpretação é um dos principais motivos das crises morais que estamos enfrentando na atualidade e que estão efetivamente arruinando as verdadeiras reivindicações por justiça e colocando em seu lugar um substituto espúrio, a igualdade.
A tão criticada economia de mercado é o mecanismo mais exitoso na criação de riqueza e na sua distribuição meritocrática. Progressistas ignoram que em tal economia não se pode “fazer fortuna” à custa dos outros, mas apenas oferecendo aos outros um negócio melhor. Economia é um jogo de saldo expansivo!
Enquanto não conseguirmos derrubar essa falácia, progressistas seguirão crentes em seus desdobramentos econômicos ilógicos. O combate à “economia soma zero” talvez seja a peça faltante do quebra-cabeça.
*Domingos Lopes, do IEE.