Por José Pedro Gomes, associado do IEE
A (in)segurança pública é um tema recorrente no Brasil. Com frequência, ouvimos relatos envolvendo casos de crimes ocorrendo em todas as regiões do país, pelos mais diversos motivos. São inúmeras as políticas que já foram colocadas em prática a fim de buscar soluções para esse problema tão grave, mas aparentemente nenhuma teve tanto impacto quanto o armamento da população civil.
Em 2019, quando Jair Bolsonaro assumiu a presidência do país, colocou em prática diversas políticas que buscavam a flexibilização do acesso às armas para a população em geral – mediante comprovação de capacidades psicotécnicas, entre outras. A partir daí, o número de armamentos com a população de bem teve um crescimento representativo – foram colocadas no mercado mais de um milhão de armas. A partir desse movimento, pôde-se perceber uma redução drástica também no número de mortes violentas no Brasil: a média de crimes violentos, que era de aproximadamente 58.856 mortes por ano entre 2012 e 2018, passou a ser de aproximadamente 48.538 por ano no período de 2019 a 2022, segundo reportagem da Revista Exame.
Contudo, em 2023, com o retorno do presidente Lula ao governo, pudemos ver, já no primeiro dia de governo, um decreto que revogou todas as políticas de flexibilização previstas, alterando o funcionamento desse mercado do dia para a noite, gerando maior sensação de insegurança e principalmente impactando negativamente os diversos empregos gerados pelas indústrias armamentistas e clubes de tiro.
A narrativa da esquerda – que já vem utilizando desse discurso há muitos anos – é de que as armas utilizadas pela população que deseja praticar o esporte do tiro esportivo, os chamados CAC, caçadores, atiradores e colecionadores, ou proteger a própria vida, seriam desviadas, em sua grande maioria, para o uso do tráfico e da bandidagem.
Acontece que, ao longo de 2023, em uma campanha de recadastramento das armas, ficou comprovado que os armamentos na posse desses esportistas e civis buscando maior segurança continuam na posse deles. Mais de 98% foram recadastrados. Enquanto isso, vimos, em dezembro de 2023, uma operação da polícia militar que prendeu suspeitos de traficarem 43 mil armas para dentro do país, além do caso, muito divulgado, de desvio de armas de um batalhão do Exército localizado em Barueri, em outubro de 2023.
Com os dados apresentados, pode-se compreender rapidamente que o problema de segurança pública não está no armamento da população civil, o qual se mostrou, na verdade, um grande aliado da segurança no Brasil e em diversos outros países do mundo. A narrativa é uma caça às bruxas que busca tomar nossa liberdade a cada dia que passa, mantendo a população de bem refém daqueles que detêm as armas ilegais.