Por Gustavo Fernandes*
Recentemente, o ministro da Defesa, José Múcio (PRD), ofereceu ao país um raro momento de sinceridade política, ao expor uma dimensão pouco percebida do custo de uma presidência petista para a nação. Em suas declarações, o ministro evidenciou, ainda que de forma indireta, seu desconforto com a interferência constante da agenda do PT nos interesses nacionais.
Um dos casos mencionados por ele envolve uma licitação em que uma empresa israelense apresentou a oferta mais vantajosa para o povo brasileiro e venceu o processo. Apesar de a Constituição Federal, no art. 37, estabelecer a impessoalidade e a eficiência como princípios da Administração Pública, prevaleceu a decisão pessoal de um presidente que, contrariando a tradição diplomática do Brasil – que foi peça-chave na criação do Estado de Israel –, impôs sua agenda pró-autocracias islâmicas. Esse alinhamento é financiado pelos impostos de todos os brasileiros, incluindo milhares de judeus.
Outro exemplo, revelado pelo ministro, foi a proibição de venda de armas à Alemanha. O motivo? O receio de que essas armas fossem usadas para apoiar a Ucrânia em sua defesa contra a invasão russa de Vladimir Putin. Como resultado, o Brasil não apenas perdeu uma oportunidade de negócio milionária, mas também arcou com os custos de armazenar material bélico sem utilidade. Certamente, o regime russo agradece a “contribuição” de um país onde muitos cidadãos ainda sofrem com a falta de saneamento básico e desnutrição.
Em ambos os casos, os interesses nacionais foram sacrificados em nome de uma agenda obscura, desconectada da história diplomática brasileira, que busca afastar o país – e, por arrastamento, a América Latina – da esfera de influência ocidental, representada por Estados Unidos, Europa e Otan. Em contrapartida, essa agenda visa aproximar-nos de regimes como China, Rússia e Irã, apresentados pelo discurso petista como parte do “sul global”.
Além da evidente rejeição da maioria dos brasileiros a essa opção geopolítica, vale lembrar que nossa legislação não é compatível com tais alianças. A tradição do Itamaraty sempre foi marcada pela busca pela paz, pela defesa dos direitos humanos e pela neutralidade nos conflitos internacionais, o que torna inadmissível prejudicar certos países em processos licitatórios que, por lei, devem ser conduzidos com isonomia, apenas para não irritar as ditaduras amigas.
Adicionalmente, o Brasil tem o compromisso de combater o preconceito, incluindo o antissemitismo. É, portanto, injustificável prejudicar uma empresa israelense que participou de forma legítima de um processo no qual foi habilitada como concorrente idônea apenas para retaliar um governo que está reagindo a uma bateria de ataques terroristas contra o seu território.
A verdade é que o ministro e o governo atual se revelam réus confessos de um crime atroz: a aproximação deliberada do Brasil a centros de poder nefastos, sanguinários e genocidas, movida por pura afinidade ideológica. Mais triste ainda é incapacidade do nosso povo de enxergar, na esquerda brasileira do discurso mole e gentil, a raiz compartilhada de uma visão de mundo doente e que tem por objetivo absoluto o seu projeto de poder.
*Gustavo Fernandes é associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)