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Praga proíbe turismo em bares e recebe críticas do setor

Os “pub crawls” – passeios organizados que levam turistas de bar em bar – movimentam bares e são uma atração popular entre visitantes estrangeiros
Praga proíbe turismo noturno em bares
Foto: Dario Daniel Silva/Unsplash

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Praga, capital da República Tcheca, anunciou uma nova medida que proíbe os tradicionais passeios noturnos de “pub crawls” a partir de novembro, como tentativa de mitigar os efeitos negativos do turismo em massa. A decisão, no entanto, vem sendo criticada por setores do turismo e levanta dúvidas sobre a eficácia da abordagem adotada pelas autoridades locais.

Os “pub crawls” – passeios organizados que levam turistas de bar em bar – movimentam bares e são uma atração popular entre visitantes estrangeiros. No entanto, moradores do centro histórico reclamam de barulho excessivo e sujeira deixada nas ruas. Em 2023, mais de 7 milhões de turistas visitaram Praga, muitos deles interessados na vibrante vida noturna da cidade. Diante do crescente incômodo, o conselho municipal optou por um caminho drástico: proibir essas atividades noturnas das 22h às 6h, com multas de até 100 mil coroas tchecas (cerca de R$ 21 mil) para organizadores que desrespeitarem a regra.

Setor do turismo

A decisão tem gerado críticas entre os organizadores dos passeios e especialistas, que apontam a falta de soluções mais equilibradas. Adam Zabranský, vereador que elaborou a proposta, defendeu que a medida é necessária para preservar a reputação da cidade e melhorar a qualidade de vida dos moradores. “Nosso objetivo não é impedir o consumo de álcool, mas sim combater o turismo barato e irresponsável”, argumentou. No entanto, a crítica implícita aos turistas que optam por essas experiências levanta questionamentos sobre o impacto econômico da decisão.

Para muitos, a proibição não resolve o problema de fundo. Representantes de agências que promovem os “pub crawls” consideraram a medida populista e alertaram que, ao afastar os organizadores, o controle sobre os excessos dos turistas pode se perder. A agência Drunken Monkey afirmou em comunicado que seus guias são fundamentais para manter a ordem durante as noites e que a ausência desses intermediários pode agravar o problema de barulho e desordem. “Sem os guias, a situação só vai piorar”, advertiu a empresa.

Desde 2011, a Drunken Monkey afirma nunca ter sido multada por barulho ou gerado reclamações formais nos locais onde atua, sugerindo que as autoridades falham ao identificar corretamente as causas dos problemas.

Eficácia

A decisão de banir os passeios parece mais uma resposta desesperada do que uma solução eficaz. Em 2019, Praga tentou lidar com o impacto do turismo através da criação de um “prefeito noturno”, responsável por mediar os interesses dos moradores e empresários do setor. No entanto, a falta de coordenação entre o governo e os bares fez com que a iniciativa tivesse pouco sucesso.

Ao justificar a medida, Zabranský afirmou que é hora de Praga investir em um turismo cultural e sustentável, atraindo visitantes interessados na herança histórica e não apenas na vida noturna. “Turistas culturais se comportam de maneira diferente daqueles que vêm para beber o fim de semana todo”, disse ele. Ainda assim, a decisão levanta dúvidas sobre como a cidade pretende equilibrar o incentivo ao turismo cervejeiro, uma de suas maiores atrações, com a repressão ao turismo noturno.

František Reismüller, diretor da agência nacional de turismo, destacou que a República Tcheca tem grande potencial em turismo cervejeiro graças à sua tradição na produção de cerveja e às novas tendências de turismo sustentável. No entanto, há uma contradição latente: enquanto se busca promover a cultura da cerveja, a repressão a turistas que escolhem essa experiência como foco de sua viagem pode afastar visitantes e prejudicar o setor.

Proibição radical ou política ineficaz?

A proibição dos “pub crawls” em Praga reflete um dilema vivido por várias cidades europeias que enfrentam os efeitos negativos do turismo em massa. Embora a intenção de melhorar a qualidade de vida dos moradores seja legítima, há sinais de que a medida pode ser insuficiente e até contraproducente. Sem a mediação dos organizadores, é possível que o comportamento desordenado dos turistas continue, ou até se intensifique.

Além disso, a cidade corre o risco de alienar uma parcela significativa de visitantes, prejudicando sua economia. Praga parece caminhar por uma linha tênue: ao tentar resolver o problema do turismo de massa de forma radical, pode acabar minando o próprio setor que movimenta boa parte da sua economia. A questão que fica é se a proibição dos “pub crawls” será mesmo uma solução duradoura – ou apenas mais uma medida de curto prazo que falhará em tratar as causas estruturais do problema.

Com informações da Associated Press.

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