Por Dayviane Garcia*
Thomas Sowell (1930), um escritor liberal, filósofo e político estadunidense, certa vez constatou que “quando as pessoas querem o impossível somente os mentirosos podem satisfazê-las”. Pois bem, Sowell tem razão.
Se você ainda não me conhece, é preciso saber inicialmente que eu passei por três campanhas políticas: duas municipais para o legislativo, nos anos de 2020 e 2024, e para deputada federal, em 2022. Foram campanhas muito diferentes entre si – o que pretendo esmiuçar mais para o futuro –, mas sem dúvida, com uma coisa em comum: a mesma relação entre candidatos e eleitores me chamou a atenção.
A frase que foi dita por Sowell há anos ainda soa muito atual, tendo em vista que pouca coisa mudou nos dias de hoje. As eleições começam e acabam, e toda vez é a mesma coisa: campanhas políticas que prometem mundos e fundos terminam vitoriosas e, mais uma vez, o eleitor é ludibriado, acreditando que o impossível é questão de tempo; quatro anos, mais especificamente.
Quem nunca ouviu um candidato prometer algo totalmente insensato, incoerente com o cargo que pretende assumir e até mesmo fantasioso, ou está vivendo em outro planeta ou faz parte da turma dos iludidos. Fato.
Percorrer as ruas de muitos municípios é também constatar a mais triste realidade: o brasileiro não está pronto para ouvir a verdade cruel, mas está cem por cento disponível para uma doce mentira.
A princípio, nenhum ser humano gosta de ouvir o que não lhe satisfaz. Fomos educados, por muitas gerações, a sermos afáveis, corteses, e não fomos preparados adequadamente para sabermos lidar com o desagradável. Esta é a lição número um para qualquer político, ao menos para aqueles que desejam se eleger a qualquer custo, ignorando princípios e valores que deveriam pertencer a qualquer pessoa de bem.
Dizer para as pessoas que medidas populistas vão na contramão do bem-estar público e que, por mais que um estado grande possa parecer algo bom mas que, no final, quem paga a conta são os mais pobres é entrar num terreno arenoso, cercado por espinhos e muito perigoso – caso você tenha a vontade de se eleger, claro.
As pessoas não sabem o que é inviável, acreditam em utopias, pois de certa forma é acalentador ouvir promessas bonitas que afagam os ouvidos e acalmam os seus anseios, suas necessidades particulares.
A mentira doce e que encanta os ouvidos dos mais ingênuos costuma ser o caminho mais fácil, curto e rodeado de flores escolhido pela maioria dos nossos representantes. Afinal, nossas escolhas já mostraram para eles que, no final, parece valer a pena.
*Dayviane Garcia é friburguense (RJ), 37 anos, casada e mãe do João Bento. Advogada especialista em direito previdenciário e direito público com foco em gestão pública. Associada ao LOLA Brasil e ao LIVRES. Microempreendedora no ramo alimentício. Rotariana. Presidente da Comissão da Memória e Colonização da OAB Nova Friburgo.