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Prevenir é melhor do que remediar?

Prevenir

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Por Pedro Saraiva*

Já se passaram mais de seis meses desde as enchentes históricas que assolaram o Rio Grande do Sul. Poderíamos, neste texto, discorrer sobre o descaso e o pouco investimento promovido por diversas gestões estaduais e municipais nos sistemas de prevenção e contenção de desastres climáticos. Todavia, análises nesse sentido já foram amplamente realizadas. Penso, porém, que um dos pontos mais críticos para abordarmos é, na verdade, um problema filosófico: prevenir é melhor do que remediar, mas remediar é muito mais popular do que prevenir.

Esse viés remediativo nos afeta em todos os âmbitos, desde as decisões mais simples do cotidiano até as mais complexas e desde as decisões do indivíduo até as decisões do coletivo. Por exemplo, o que o deixaria mais satisfeito: estacionar o carro em um prédiogaragem para evitar um assalto (o qual, por sinal, você nunca saberá se teria ocorrido ou não) ou receber a indenização integral do seu seguro pelo carro que foi roubado? Outro exemplo: quantas vezes você já agradeceu ao seu preparador físico ou nutricionista pelos problemas de saúde não desenvolvidos graças à prática de atividades físicas e alimentação saudável? Os mais sinceros responderão: “nunca”.

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Pois bem, percebemos que é muito mais fácil e intuitivo enxergar os benefícios da remediação do que os benefícios da prevenção. Essa percepção influencia diretamente a atenção que políticos e a própria sociedade dão a determinadas agendas. O próprio governador Eduardo Leite comentou: “Estudos alertaram, mas o governo também vive outras agendas”.

Afinal, será que destinar milhões de reais em verbas públicas para a manutenção e o aprimoramento de um sistema antienchentes relativamente pouco utilizado nos últimos cinquenta anos teria sido uma decisão popular por parte desta ou de outras gestões? Provavelmente, não. O problema é que a tragédia de fato aconteceu, comprovando, mais uma vez, que eventos que nunca ocorreram antes podem acontecer a qualquer momento.

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*Pedro Saraiva é associado do Instituto de Estudos Empresariais

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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