Em junho de 2024, Marina Guaragna viralizou na internet ao compartilhar um vídeo saindo com uma Bíblia na mão na China. A influenciadora de viagem fez o vídeo em resposta a um internauta que comentou “sai com uma Bíblia na mão para ver o que te acontece”, por conta de cristãos que sofrem perseguição em regiões do país.
A influenciadora compartilha conteúdos atrativos, dinâmicos e inovadores, mas cada vez mais vídeos que buscam romantizar países em ditaduras comunistas. Após a viagem da China, a nova aventura de Marina foi em Cuba, quando viralizou novamente. A repercussão foi tão grande que cubanos que vivem no Brasil reagiram negativamente ao vídeo da influenciadora.
Contraponto de cubanas
Foi o caso da vereadora de São Paulo, Zoe Martinez (PL), que já compartilhou e comentou cinco vídeos de Marina Guaragna. Zoe ironizou o tom da influenciadora. “É muita disposição e criatividade para passar pano para um governo ditador”. A vereadora é cubana e vive no Brasil desde os 12 anos de idade. Ela costuma expor nas redes sociais todas as dificuldades que sua família enfrentou na ditadura comunista.
Em um dos vídeos, Guaragna começa dizendo “existem apenas dois países do mundo onde não existem Coca-Cola. Parabéns, você acabou de cair em uma mentira”. Do mesmo modo, a influenciadora cubana Nayi Mora expôs seu depoimento. “Quando eu morava em Cuba, eu nunca experimentei Coca-Cola”.
Ela explicou que, por conta do embargo econômico com os Estados Unidos, até quatro anos atrás realmente, a bebida não era comercializada no país. Mas passaram a vender após Cuba começar a se relacionar comercialmente com Espanha e México, por exemplo.
Segundo Nayi, esses produtos acabam parando nas mãos de turistas, uma vez que são vendidos em dólar americano. “Eu vou te contar o que ela não te contou no vídeo, que é o valor de uma Coca-Cola. Custa entre 1 e 2 dólares, enquanto o salário do cubano é 8 dólares”, concluiu a influenciadora.
Nesse sentido, Zoe Martinez também se pronunciou. “O que a bonita também não diz é que todo o dinheiro que ela está gastando com essa Coca-Cola e todos os outros consumos dessa viagem turística servem para financiar a ditadura cubana”.
Influenciadores no mundo
Esse não é um caso isolado. Nos últimos anos, tem se tornado comum ver influenciadores digitais romantizando regimes autoritários, seja por desinformação ou por interesses políticos e financeiros. O britânico Benjamin Rich, conhecido pelo canal Bald and Bankrupt, viralizou diversas vezes exaltando a nostalgia soviética e ignorando as repressões do passado.
Já no TikTok, investigações revelaram que o governo chinês vem financiando criadores de conteúdo para promover uma imagem positiva do país, omitindo temas como censura e perseguição política. Até mesmo a Coreia do Norte já foi alvo desse tipo de narrativa, quando uma influenciadora americana elogiou a ‘ordem e disciplina’ de Pyongyang sem mencionar as rígidas restrições impostas aos cidadãos comuns.