Por Matheus Biancardine*
Os avanços tecnológicos, a nova indústria 4.0, promovem um novo estilo de vida, relativamente mais confortável, contudo, também abrem portas para novas formas de controle da informação e violação de privacidade. O novo chatbot chines, que compete diretamente e já superou o Chat GPT e abalou o mercado de ações mundo afora, pode representar uma nova ameaça às liberdades individuais. Sendo atualmente o aplicativo melhor avaliado da App Store nos Estados Unidos, o aplicativo chinês abalou grandes empresas como Meta, Microsoft e Nvidia, que sofreram na bolsa de valores.
Embora suas funcionalidades possam ser justificadas como ferramentas de segurança, o DeepSeek representa uma ameaça significativa à liberdade individual, especialmente quando analisado no contexto do autoritarismo global. Essa tecnologia é um trunfo potencial para regimes como o de Xi Jinping, na China, onde o controle social é uma política de Estado.
O que é o DeepSeek?
O DeepSeek é um sistema de busca e rastreamento que utiliza inteligência artificial para acessar, compilar e correlacionar dados de diferentes fontes digitais. Ele pode identificar padrões de comportamento, mapear conexões sociais e até prever ações futuras de indivíduos com base em suas atividades online.
O Cenário Chinês e o Uso do DeepSeek
Sob a liderança de Xi Jinping, a China já implementa um dos sistemas de vigilância mais avançados do mundo, com o uso de câmeras, reconhecimento facial e o infame sistema de crédito social. O DeepSeek se encaixa perfeitamente nesse aparato, ampliando a capacidade do governo chinês de monitorar e controlar sua população.
O Partido Comunista Chinês (PCC) utiliza a tecnologia como uma extensão de sua política de “estabilidade social”, um eufemismo para repressão. Com o DeepSeek, o PCC poderia rastrear não apenas os movimentos físicos dos cidadãos, mas também seus pensamentos, opiniões e intenções, inferidos a partir de interações digitais.
Além disso, o sistema poderia ser exportado para outros regimes autoritários, consolidando uma rede global de vigilância que enfraquece as liberdades civis em todo o mundo.
Impactos na Liberdade Global
A disseminação de tecnologias como o DeepSeek ameaça minar os pilares fundamentais das democracias liberais: liberdade de expressão, privacidade e autonomia individual.
Privacidade em Risco: O DeepSeek elimina qualquer expectativa de privacidade, transformando cidadãos em alvos de vigilância constante.
Censura: Com a capacidade de identificar opiniões divergentes, governos podem impor censura mais eficiente, eliminando dissidências antes mesmo de se tornarem públicas.
Autocensura: O medo de ser monitorado pode levar indivíduos a evitar discussões políticas ou expressões de descontentamento, sufocando o debate público.
De fato, seria difícil promover uma “primavera arabe”, ou grandes manifestações digitais com o governo monitorando e antecipando repressões estratégicas. É possível que com o sucesso do DeepSeek, o Ministro Alexandre de Moraes substitua sua cruzada no combate à liberdade de expressão nas redes sociais, e opte por um monitoramento mais abusivo, e eficaz (Vamos torcer para que ele não leia o artigo.
O Papel do Ocidente
Enquanto a China avança em sua agenda, é essencial que as democracias liberais tomem medidas para proteger suas liberdades. Isso inclui:
Transparência Tecnológica: Construir relacionamento usuário-empresa que incite a transparência das grandes bigtechs.
Cooperação Internacional: Unir esforços para combater o uso de tecnologias autoritárias em nível global.
Manter o Estado longe: Afastar as máquinas governamentais de aparatos de monitoramento em larga escala.
Conclusão
Proteger a liberdade requer vigilância constante, não apenas contra governos autoritários, mas também contra as ferramentas que eles utilizam. A resposta do Ocidente, especialmente dos grandes empreendedores, será crucial para determinar se o
DeepSeek será contido ou se tornará mais uma ferramenta de um governo ante liberdade.
*Matheus Biancardine é estudante de ciências políticas e conselheiro de Juventude do Governo de Minas Gerais.