Por Rafael Moredo*
Na última semana, o presidente americano Donald Trump anunciou um novo pacote de tarifas sobre a importação de aço e alumínio. A medida, que impõe uma alíquota de 25% sobre os produtos, tem como justificativa a proteção da indústria nacional e a criação de empregos. No entanto, a história e os números mostram que o protecionismo, longe de beneficiar a economia, gera efeitos adversos, incluindo inflação, desemprego e menor competitividade.
O Brasil, segundo maior exportador de aço para os EUA, será diretamente impactado. Mas o problema não se limita às barreiras comerciais americanas. O próprio Brasil também tem adotado medidas protecionistas em seu mercado siderúrgico, como a elevação de impostos de importação para produtos de ferro e aço. Hoje, a média tarifária de importações no Brasil é de 12%, contra 4% nos países desenvolvidos da OCDE. Esse protecionismo resulta em preços mais altos para consumidores e empresas que dependem desses insumos, prejudicando a economia nacional.
No caso dos EUA, estudos do Cato Institute mostram que tarifas sobre o aço resultaram em um aumento de US$ 4,57 bilhões nos custos da economia americana e na perda de 75 mil empregos no setor industrial. O protecionismo encarece insumos básicos, reduz a eficiência produtiva e gera um efeito cascata que afeta toda a cadeia econômica.
Além disso, ao proteger artificialmente determinados setores, governos desincentivam a inovação e a modernização, criando indústrias dependentes de privilégios em vez de competitivas globalmente. No longo prazo, isso significa menos crescimento e menos oportunidades para trabalhadores e empreendedores.
Essa discussão se conecta diretamente a outro artigo que escrevi aqui no ano passado sobre o programa Nova Indústria Brasil. No texto, abordei como políticas industriais baseadas em subsídios e incentivos estatais podem criar distorções no mercado e gerar dependência econômica, sem necessariamente aumentar a competitividade. Assim como o protecionismo tarifário, esses incentivos podem parecer benéficos a curto prazo, mas acabam prejudicando a economia ao longo do tempo, ao reduzir a eficiência e dificultar a inovação. Experiências como o Inovar-Auto e o PSI do BNDES demonstram como essas políticas muitas vezes falham em gerar crescimento sustentável.
O governo brasileiro chegou a considerar uma retaliação à medida de Trump, cogitando a taxação de big techs americanas no Brasil. No entanto, uma guerra comercial poderia prejudicar ainda mais a economia brasileira, dada a assimetria entre os dois países, conforme analisou o ex-secretário do Comércio Exterior do Brasil, Lucas Ferraz. A melhor estratégia seria buscar o diálogo diplomático e evitar medidas que encarecem ainda mais os custos produtivos no Brasil.
Se queremos um Brasil mais próspero e integrado à economia global, é essencial rejeitar o protecionismo e defender políticas que promovam a livre concorrência, a inovação e o crescimento sustentável.
*Rafael Moredo é Analista de Relações Governamentais do Livres