“Já fomos a esperança do futuro. Hoje, somos um presente esquecido.” Com essa reflexão provocativa, Paola Coser, presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), abriu a edição 2025 do Fórum da Liberdade em Porto Alegre. A fala expôs um Brasil de contradições, que enfrenta dificuldades estruturais persistentes apesar de suas inúmeras potencialidades.
Mas por que o Fórum da Liberdade continua sendo necessário, mesmo após quatro décadas? A resposta aparece justamente no diagnóstico trazido por Paola: porque os desafios discutidos no evento são perenes, atravessam governos e precisam ser enfrentados com seriedade.
A presidente do IEE enfatizou, por exemplo, o cenário preocupante da educação brasileira. Ela lembrou que o país é referência em volume de investimentos no setor, mas ocupa uma desonrosa 44ª posição em um ranking de educação da OCDE que reúne 56 países. “Para termos capacidade de fazermos boas escolhas, precisamos de uma base educacional. O futuro do Brasil depende da educação. Isto impacta diretamente o ambiente em que vivemos”, afirmou Paola.
Protagonismo brasileiro
Outro paradoxo que trouxe em seu discurso se referia ao papel do Brasil no cenário ambiental global. Somos exemplo em energia limpa e conservação ambiental, mas, segundo ela, permitimos que a narrativa internacional nos coloque, frequentemente, em uma posição desfavorável. “Quem narra a narrativa de quem? Deixamos de assumir o protagonismo por medo?”, questionou.
A presidente também fez duras críticas à irresponsabilidade fiscal histórica do país, destacando que o preço das escolhas políticas pesa cada vez mais no bolso dos brasileiros. “Só se gasta o que se tem, é necessário ser responsável com os recursos que se possuem. Infelizmente, o que temos visto não só no Brasil de hoje, mas em todos os governos que se deslumbram com o dinheiro do pagador de impostos, é um contínuo desaforo”, enfatizou Paola.
Por fim, uma crítica direta à falta de memória e consciência política dos eleitores, que mesmo envolvidos no debate político antecipado de 2026, não recordam sequer quem elegeram recentemente.
Esse diagnóstico duro, feito pela presidente do IEE, reforça claramente a importância do Fórum da Liberdade como um espaço privilegiado para debater temas que ultrapassam o imediatismo político, propondo uma reflexão permanente sobre o Brasil que queremos construir. Afinal, certos desafios — como responsabilidade fiscal, educação de qualidade e consciência cidadã — não têm prazo de validade.