No livro 1984, George Orwell retrata por meio do personagem Winston Smith – funcionário do governo inglês – as iniciativas ditatoriais com pressuposta forma e utilidade benéfica para verificar os discursos e narrativas da sociedade inglesa do século XX. No entanto, o PL 2630 (PL das Fake News) se coloca como real presença da ‘Teletela’, usada pelo Estado Inglês – no livro – que servia como uma espécie de TV que, de um lado, enviava imagens de propaganda para quem estava assistindo a ela e, de outro, servia como um instrumento de espionagem, captando tudo aquilo que a audiência estava fazendo.
Se o PL 2630 for aprovado, quem será responsável por dizer o que é verdade ou não? O que é real ou fake news?
Para contextualizar, Winston trabalhava como funcionário do Ministério da Verdade, onde reescrevia e alterava dados de acordo com os interesses do Partido e do ‘Grande Irmão’. Por semelhança, como se faz tão referencial à pergunta citada anteriormente, como um projeto de lei pode garantir que no Brasil, um governo, qualquer que seja, irá ter a responsabilidade de perseguir os seus adversários? De não mudar a realidade para favorecerem a si mesmos?
Essas perguntas, mais uma vez, se associam com 1984. “Liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro.” Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado.
A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa. “O pensamento-crime não acarreta a morte: o pensamento-crime é a morte.”
Combater notícias falsas é essencial para a promoção do bem-estar da sociedade, mas quando somente se busca o bem-estar da sociedade.
Da forma como o governo tenta empurrar o projeto goela abaixo, e a perseguição contra as empresas que estão fazendo campanha contra, fica nítido que o único bem estar que o governo tem em mente, é o dele.