Por Guilherme S. Esparza*
Ser um jovem assumidamente homossexual é ter de lidar com uma sociedade que muitas vezes finge nos aceitar, mas que prefere nos esconder, como se fossemos uma vergonha ou um defeito social. No entanto, reafirmo que ser quem você é, enquanto indivíduo, não é, e nunca deveria ser, motivo de vergonha.
Nos dias atuais, muito tem se falado sobre pautas envolvendo a comunidade LGBTQIA+ em seus mais variados aspectos, como casamento civil, adoção, doação de sangue e combate à homofobia. Porém, ao mesmo tempo em que há pessoas que apoiam a causa LGBTQIA+, outras ainda a veem como um tabu, e se inflamam de preconceito e ódio quando se trata desta causa. Este preconceito ocorre não porque esta pessoa é naturalmente homofóbica ou transfóbica, mas devido à sua construção social, à falta de informação e à falta de convivência com o diferente.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 67 países ainda criminalizam as relações entre pessoas do mesmo sexo. Em alguns, como no Irã, pessoas assumidamente LGBTQIA+ podem ser condenadas à morte pelo simples fato de serem quem elas são e por estar indo contra as leis religiosas do islamismo, a Sharia. Em outros, como na Rússia, apoiar a causa LGBTQIA+ é motivo de censura, multa e prisão, com a justificativa estatal de “proteger a família” e a nação russa. Nestes casos, observa-se que o próprio Estado, ao invés de promover a liberdade e os direitos civis do indivíduo, opta pela execução ou pelo silenciamento. No entanto, proibir ou censurar a nossa existência não fará com que deixemos de existir na sociedade.
Qualquer pessoa LGBTQIA+ quer ter uma vida com liberdade, e ter sua dignidade respeitada. Coerções sociais, religiosas ou estatais acabam nos sufocando e nos privando de ser quem somos de verdade. Estamos cansados de avisar que não queremos destruir a família tradicional, promover a erotização infantil ou de impor uma ideologia de gênero. Cada indivíduo LGBTQIA+ é único, e reduzir a nossa existência a uma essência (e esta essência ligada a grupos e partidos de esquerda), é recusar os valores e a individualidade de cada um. Queremos apenas ter o nosso direito de viver em paz.
Apoiar pessoas LGBTQIA+ não te faz menos de direita ou conservador, pelo contrário, você assegura a liberdade do outro e ainda promove a dignidade humana. Em uma democracia, é difícil conviver com o diferente, mas, é preferível conviver e respeitar o diferente do que ser silenciado à força pelo Estado em uma ditadura. A liberdade não pode ser seletiva, pois, é o livre arbítrio de alguns, e a prisão da maioria. O direito civil do outro não significa a imposição forçada de valores, mas o acesso de algo que até então era negligenciado.
Por fim, reafirmo que está na hora de entendermos e apoiarmos o indivíduo LGBTQIA+ como ele é em sua essência, deixando-se de lado todos os tabus e estereótipos. É o momento de entendermos que o apoio à liberdade ao outro é o melhor caminho para uma sociedade livre. A sociedade é mutável e, junto com ela, as suas demandas e valores.
*Guilherme S. Esparza é estudante de Geografia pela Unesp – Rio Claro, membro da UJL, administrador da página Raposa Colorida e apoiador da causa LGBTQIA+.