*Filipe Sabará
Em 2002, os economistas José Alexandre Scheinkman e Marcos Lisboa coordenaram e escreveram, em conjunto com outros 17 economistas, um documento essencialmente liberal denominado “Agenda Perdida”, que foi distribuído para os assessores econômicos de todos os presidenciáveis naquele ano.
As propostas tinham como objetivo reafirmar a necessidade de melhorar o ambiente de negócios no Brasil. Entre outros pontos, tratava da necessidade de uma reforma e das distorções tributárias, das políticas de crédito e monetária, além das relações internacionais. Era uma agenda liberal que poderia transformar o Brasil 20 anos atrás.
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Porém, com a eleição da ex-presidente Dilma Rousseff nada foi feito. Com seu impeachment, em 2016, o país então passou por uma boa janela de oportunidades, tendo a chance de melhorar, inclusive, o nosso ambiente de negócios. A alegria durou pouco. Com exceção de algumas poucas medidas, como a reforma trabalhista, de uma maneira geral o governo de Michel Temer não realizou mudanças mais estruturais.
Com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2018, enfim conseguimos ter avanços. A reforma da previdência foi aprovada e o país começou a ser visto de uma nova maneira lá fora. Infelizmente, porém, a exaltação de novo foi momentânea. As tensões políticas, o corporativismo e a crise decorrente da Covid-19 colocaram o Brasil contra a parede, paralisando o andamento de discussões estruturantes.
Agora, chegamos a metade de 2020 passando por um dos piores momentos econômico e social da história. E, exatamente por isso, essa é a hora da virada de chave. Temos duas opções: seguir adiante com as reformas estruturantes ou perder a década de vez.
Optando, obviamente, pela primeira opção, cito aqui pelo menos três reformas essenciais. A primeira delas seria a tributária. Nós, cidadãos, pagamos impostos demais e não temos clareza de nada. A ideia básica, portanto, é ter um imposto claro e definido, que a população saiba exatamente o quanto está pagando em cada produto, em cada serviço. Chega dessa confusão tributária que enlouquece qualquer um.
Em seguida precisamos de uma reforma administrativa. Afinal, não podemos viver em um país que tem a sua segunda maior despesa com funcionalismo público. São 14% do PIB com gastos com pessoal. Já imaginou quanto poderíamos fazer reduzindo privilégios, super salários e super benefícios do setor público? Seria possível melhorar a saúde, a segurança e a educação em muitos munícipios.
Por fim, cito a necessidade de uma reforma política. Em resumo, precisamos aproximar as pessoas da política, para que todos participem e cobrem melhorias para suas vidas. Chega de puxadores de votos ou de mandatários que nem sabemos aonde estão e o que estão fazendo. Poderia citar outras reformas estruturais, mas essas três já melhorariam e muito nosso dia a dia. São elas que salvarão a economia e milhares de pessoas, gerando oportunidades. São elas que podem livrar o Brasil de mais uma década perdida.
*Filipe Sabará é empresário, especialista em desenvolvimento socioambiental, ex-secretário municipal de assistência social e ex-Presidente do Fundo Social do Estado de São Paulo.
Foto: Reprodução/arquivo pessoal.
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