fbpx

O impeachment de uns e de outros

Compartilhe

Neste momento estou em Cincinnati, Ohio, reduto dos republicanos. Por aqui, o assunto em todas as rodas é o impeachment do republicano Donald Trump. Mas, em todo o país, me parece, o tema é o mesmo, pelo que mostram as estações e canais de rádio e TV. No Congresso, os Democratas jogam pesado e tentam empurrar a opinião pública para o impeachment. Os Republicanos ridicularizam os fatos. A imprensa tem lado, enquanto o povo escuta, comenta e observa.

O presidente é acusado de usar as prerrogativas da função para exigir que o governo da Ucrânia investigue o ex-vice presidente da república, o democrata Joe Biden e o filho dele. Joe disputa a vaga de adversário direto do presidente Trump no próximo ano.

As investigações andam. O próprio presidente Trump confirmou a ocorrência, sem aceitar a acusação de crime. Para ele seria pior negar, porque as conversas dele com o presidente da Ucrânia foram ouvidas pelo staff da Casa Branca. Em favor da segurança dos Estados Unidos, o Presidente da República não tem privacidade. Ele tem o direito ao sigilo, à confidência, mas à privacidade, nunca.

Enquanto esse assunto corre aqui nos Estados Unidos, no Brasil, durante a semana, o jornalista Bernardo de Mello Franco deu crédito ao ex-presidente Fernando Collor. A gente sabe porquê.

A entrevista foi publicada no O Globo no dia 17, com a chamada: “Collor comenta sobre o governo Bolsonaro: ‘ Estou revendo um filme que a gente já viu’. O ex-presidente disse mais: “Vejo semelhança entre o tratamento que eu concedi ao PRN e o que ele (Bolsonaro) está conferindo ao PSL. O pessoal queria espaço no governo, o que é natural. Num almoço com a bancada, eu disse: ‘Vocês não precisam de ministério nenhum. Já têm o presidente da República'”.

O leitor é levado a acreditar que o desprezo do ex-presidente pelos partidos foi a causa do impeachment que ele sofreu, situação que poderá ser repetida na vida do presidente Jair Bolsonaro, porque ele também despreza os partidos.

Ora, o pouco caso com os partidos políticos é quase unanimidade. Seria ele, a motivação popular para expulsar um presidente? A lógica diz que não. Então, alguma coisa está mal explicada. E, está mesmo.

“O leitor é levado a acreditar que o desprezo do ex-presidente pelos partidos foi a causa do impeachment que ele sofreu, situação que poderá ser repetida na vida do presidente Jair Bolsonaro, porque ele também despreza os partidos. Ora, o pouco caso com os partidos políticos é quase unanimidade”

Os registros da história recente do Brasil comprovam que o ex-presidente Fernando Collor afastou os partidos para entregar as posições de governo ao crivo do ex-tesoureiro da campanha dele que, em razão do que fez com o privilégio que recebeu, provocou o impeachment. Não me parece ser essa a situação de agora.

Semelhança existe, isso sim, entre as causas do pedido de impeachment do Presidente dos EUA, Donald Trump, e, em 1974, do ex-presidente Richard Nixon. Os resultados, no final do processo, no entanto, poderão ser diferentes.

Na origem do problema está a estratégia comum dos dois presidentes republicanos de enfraquecer os adversários pela espionagem. Mas, a leitura dos cenários – atributo de uma estratégia – indica que o resultado final do pedido de impeachment do presidente Trump tem tudo para ser diferente do ocorrido com ex-presidente Nixon.

Trump está no final do primeiro mandato, já em ritmo de campanha para a reeleição. Nixon estava no início do segundo mandato, situação que garantia aos republicanos a permanência no poder, por um mandato inteiro, mesmo com o impeachment de seu presidente, como, de fato, aconteceu.

Entregar a cabeça do presidente Trump neste momento, significará, para os republicanos, com maioria no Senado, a transferência de sua agenda de campanha para os democratas, situação bem difícil de imaginar.

No ponto limite, se a opinião pública forçar uma decisão drástica, os republicanos, substituirão Trump por outro nome na disputa do próximo ano. Até lá manterão o poder seguro nas mãos.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

Mais Opinião

plugins premium WordPress
Are you sure want to unlock this post?
Unlock left : 0
Are you sure want to cancel subscription?