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Sérgio Moro e as eleições de 2022

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O ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro anunciou a sua filiação ao Podemos, em ato a ser realizado em Brasília em 10 de novembro. Aventa-se uma possível candidatura do paranaense à Presidência da República em 2022 como mais uma das opções da terceira via junto, que também tem nomes como Eduardo Leite, João Dória e Arthur Virgílio Neto – às vésperas das prévias do PSDB –; Ciro Gomes (PDT), João Amoêdo e Luiz Felipe d’Avila – em disputa pela escolha do NOVO –, Luiz Henrique Mandetta e José Luiz Datena – disputando uma possível indicação do União Brasil, fusão entre DEM e PSL – e o recente lançamento da candidatura de Cabo Daciolo pelo Brasil 35.

A biografia de Moro tem pontos favoráveis e contrários: se, por um lado, o trabalho realizado enquanto juiz dos casos envolvendo a Operação Lava-Jato realizando investigações e prisões relacionadas ao escândalo do Petrolão pesam de maneira positiva para o eleitorado, a saída conturbada do Ministério da Justiça no Governo Bolsonaro com acusações de tentativas de interferência na Polícia Federal por parte do Poder Executivo e o fato de ter ido trabalhar como consultor para a administradora judicial da construtora Odebrecht, uma das principais envolvidas nos casos de corrupção julgados por Moro, são pesos negativos para um projeto de candidatura.

Sérgio Moro tem uma popularidade devido ao seu passado que outros postulantes ao Planalto não têm: diferente dos tucanos Leite, Virgílio e Dória, o ex-ministro é bem quisto até mesmo por setores do espectro pró-liberdade, que podem utilizar-se de uma possível campanha de Moro para alcançar espaços nas Casas Legislativas; por outro lado, não se sabe qual o pensamento político-ideológico professado pelo ex-juiz da Vara Federal de Curitiba. Em entrevistas como no Roda Viva, quando ainda exercia o cargo de ministro, afirmou ter uma linhagem de pensamento mais conservadora. Entretanto, disse durante em entrevista ao canal por assinatura Globo News que poderia ter “se insurgido mais” contra a política de armamento civil defendida por Jair Bolsonaro.

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A própria identidade política do Podemos é indefinida: o partido, que tem suas origens no antigo PTN que elegeu Jânio Quadros como Presidente em 1960, foi refundado em 1995 sendo comandado desde então pela família Abreu, oriunda do ABC paulista; sua atual Presidente é a deputada federal Renata Abreu (PODE-SP) e tem no Senador Álvaro Dias (PODE-PR) – parlamentar ao qual Moro mantém relação pessoal – uma das suas principais figuras de destaque nacional, sendo presidenciável pela legenda em 2018. A legenda não tem uma linha ideológica definida, tendo atualmente em seus quadros tanto parlamentares apoiadores do governo Jair Bolsonaro, como o senador Eduardo Girão (PODE-CE) e Marcos do Val (PODE-ES) e os deputados federais José Medeiros (PODE-MT), Diego Garcia (PODE-PR) e Roberto de Lucena (PODE-SP), como também opositores do Planalto em seus quadros, como os senadores Flávio Arns (PODE-PR) e Jorge Kajuru (PODE-GO) e os deputados federais João Carlos Bacelar (PODE-BA) e José Nelto (PODE-GO).

A pré-candidatura de Moro gera um fato novo na política nacional pelo fato de mais um postulante ao Planalto estar aparecendo e que pode ter uma boa votação dentro dos nomes apresentados na chamada terceira via; por outro lado, o Sérgio Moro de 2021 não é a mesma figura imaculada de 2018, até mesmo por decisões tomadas em sua vida pessoal e profissional. A acusação de interferência em sua pasta na famosa reunião ministerial vazada para a imprensa até hoje não foi justificada e o vazamento da mesma a época deu força política a Jair Bolsonaro. Sua saída do governo foi uma bomba que rapidamente foi neutralizada pelo Planalto, fazendo com que o ex-juiz tivesse sua imagem arranhada por muitos daqueles que o defendiam no passado.

Como a política é algo extremamente volátil e que os cenários podem mudar a qualquer minuto, uma possível pré-candidatura presidencial pode ser um balão de ensaio para candidaturas a outros cargos, em uma estratégia já vista em 2018 por nomes como Rodrigo Maia, Jandira Feghali e o próprio João Dória. Mas, no cenário atual, ainda não gera o impacto desejado nos defensores do “nem Lula, nem Bolsonaro”.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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