Um dos principais nomes do meio liberal no Rio de Janeiro, ex-secretário de segurança pública e atualmente assessor do governador Wilson Witzel (PSC), Roberto Motta criticou o posicionamento do Livres que sugeriu um debate sobre a legalização das drogas. A associação liberal se manifestou sobre o assunto em meio à comoção nas redes sociais após a morte de uma criança de oito anos em um tiroteio no Complexo do Alemão, conjunto de favelas situado na capital fluminense.
Legalização das Drogas é a solução? – 1
“Sou absolutamente contrário [à legalização das drogas]. Eu preciso explicar ao ecossistema liberal que o liberalismo não existe em um vácuo moral. Tratar a posição liberal como se existisse um mundo abstrato, onde todo mundo mora na Zona Sul [do Rio de Janeiro], foi formado em uma escola bacana e teve acesso a uma formação universitária de primeira linha trata-se de uma perversão do liberalismo. Esses liberais que se arvoram a entrar no território do combate ao crime sem ter feito o seu dever de casa cometem um crime contra a nação. Eles colocam na consciência das pessoas conceitos que são totalmente equivocados”, desabafa Motta.
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Segundo o ativista e hoje braço direito do governador, a expectativa de que criminosos “sem nenhuma barreira moral, extremamente violentos e super bem armados vão de uma hora para outra passar a obedecer uma regulamentação é uma ingenuidade tão grande que pode ser também burrice, falta de capacidade intelectual, oportunismo político ou cumplicidade com esse ecossistema”.
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Questionado pelo Boletim da Liberdade sobre a hipótese de o tráfico de drogas cortar o financiamento do crime organizado, Motta provoca: “Se fosse possível amanhã o Paulo Gontijo [presidente do Livres] virar uma chave e os entorpecentes se tornassem legais no mundo inteiro ao mesmo tempo, o raciocínio estaria certo. Mas qual seria a consequência de tornar o consumo de drogas legal no Brasil amanhã enquanto ele continua ilegal na maioria dos países do mundo? Temos na fronteira os maiores produtores de drogas do mundo e, do outro lado do Atlântico, o maior mercado consumidor do mundo. Caso fosse aprovado algo desse gênero, a gente iria se tornar a sede mundial do narcoturismo”, afirma Motta, que diz ainda que “do ponto de vista teórico assina embaixo da tese que sobre o seu corpo você é soberano”.
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Ao fim, Motta pondera que, com base na sua experiência, o impacto da descriminalização da maconha no crime organizado seria “muito pouco ou zero”, inclusive por existirem outras drogas no mercado, como a cocaína e o crack. Motta rebate também a ideia de que a guerra das drogas é perdida. “Isso aí uma narrativa que foi construída pela esquerda, que a construiu muito bem. Desde 1975 até 2018, ano após ano, o número de homicídios no Brasil cresceu, até chegar a 63 mil. Nunca se abaixou. Você acha que a guerra contra os homicídios é uma guerra perdida e a gente deveria legalizar o homicídio?”, ironiza. Motta também ressaltou ainda que defende que haja punições maiores também para o consumo de drogas, como prisão. Um projeto nesse sentido já foi protocolado por um deputado do PSL, em junho.
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“Estou ainda esperando que um especialista do Livres, ou qualquer outro think tank left-liberal, [diga] como é que você legaliza o tráfico e o consumo de drogas no Brasil enquanto permanece ilegal na maioria dos países do mundo”, alfineta Motta, e completa: “Faço um desafio ao Paulo Gontijo, a Ilona Szabó, quem quiser, para discutir comigo sobre a legalização de drogas”.
Advocacy Liberal
Falando no Livres, na próxima quinta-feira, 26 de setembro, o entidade organizará mais um encontro com parlamentares. Desta vez, a associação liberal promoverá um café da manhã para apresentar ideias para o futuro da educação no Brasil a deputados em Brasília. Não será o primeiro encontro do gênero que ocorre em 2019 na capital federal.
Vélez fala – 1
Após um período recluso, o ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez-Rodriguez, concedeu uma entrevista ao jornalista Oswaldo Eustáquio. Dentre outros aspectos, o professor afirma, agora, que foi ele quem pediu para sair e que “fez o trabalho que podia”. “Eu acho que foi um trabalho que teve começo, meio e fim e um final que é positivo”, defendeu.
Vélez fala – 2
Vélez também falou sobre o livro que pretende lançar sobre suas memórias – entre elas, sua passagem pelo Ministério da Educação. “O livro será lançado este ano, se Deus quiser”, comentou o professor, que disse que o título será Da esquerda para a direita, minha opção liberal-conservadora.
Vélez fala – 3
“Eu fui de esquerda, de extrema-esquerda, eu era trotskista na Colômbia, queria a luta armada, queria derrubar tudo pelas armas. E fui moderando as minhas posições. O divisor de águas foi quando vim fazer o mestrado no Brasil para estudar o pensamento brasileiro”, diz. Como se sabe, Vélez é considerado um dos maiores especialistas sobre o patrimonialismo no Brasil e na América Latina, ganhando a admiração intelectual do professor Olavo de Carvalho.
Atriz anarcocapitalista
O meio artístico ganha mais um membro assumidamente libertário. Depois de Danilo Gentili, que já posou uma camisa com a cobra da bandeira de gadsden na Avenida Paulista, chegou a vez de a atriz Yasmin Mineira (foto) assumir a posição. Em seu Twitter, a artista colocou na descrição ser “Ancap”, seguida de um coração amarelo e outro preto, cores que representam a corrente libertária. A informação foi divulgada originalmente pela página Anarcocapitalismo nas redes sociais. Yasmin é conhecida principalmente pela atuação em filmes eróticos.
Prefeitura de São Paulo – 1
O deputado estadual Arthur do Val (DEM/SP), conhecido pelo canal “Mamãe Falei” e pela ligação com o MBL, quer disputar a Prefeitura de São Paulo em 2020. Até aí, nenhuma novidade. O que circula nos bastidores, contudo, é que o Podemos, dos senadores Álvaro Dias e Romário, tem interesse no passe – que, aliás, é pouco valorizado no DEM.
Prefeitura de São Paulo – 2
O partido de Rodrigo Maia, dizem, ou apoia a reeleição de Bruno Covas ou acolhe a deputada Joice Hasselmann, atualmente no PSL, para formar candidatura própria. A última vez que o DEM lançou um filiado para o comando da capital paulista foi em 2008, com a reeleição de Gilberto Kassab, hoje no PSD, e que andou enfrentando problemas na Justiça.
Prefeitura de São Paulo – 3
No NOVO, por sua vez, os bastidores dão conta que de que um dos nomes mais fortes internamente para a disputa ao Executivo é a da advogada Monica Rosenberg. Candidata a deputada federal em 2018, obteve cerca de 35 mil votos. Seria considerada um bom nome para vice. Candidatas mulheres têm, entre outros benefícios, a possibilidade de atrair para as suas campanhas o fundo eleitoral obrigatório por lei.
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Fotos: [1] Roberto Motta (Divulgação); [2] Protesto de mães contra violência nas comunidades (Tomaz Silva/Agência Brasil); [3] Yasmin Mineira (Reprodução/Divulgação)