Por Matheus Linard*
Em 2004, a área que compreende o sudoeste do Piauí e da Bahia, o sul do Maranhão e o norte do Tocantins, era uma pastagem em terras planas e vegetação de cerrado e caatinga. A agricultura era considerada improdutiva e ali nada tinha além de miséria.
Quase vinte anos depois, a paisagem árida deu lugar a vastos campos de grãos a perder de vista, a população saltou para quase 2 milhões de pessoas espalhadas em 337 municípios, num perímetro geográfico semelhante ao tamanho da Alemanha. Isso é MAPITOBA, a última fronteira agrícola do Brasil que vem mudando para melhor a vida de milhões de pessoas que antes só conheciam a penúria.
Desde 2005, houve um fenômeno de expansão da atividade agrícola com o surgimento de fazendas de monocultura que utilizam tecnologias mecanizadas para a produção em larga escala, destinada à exportação de grãos como soja, milho e algodão.
Apesar da sua deficiência em infraestrutura, a predominância do relevo propício à mecanização, as características do solo, o regime favorável de chuvas e o uso de técnicas mais modernas de produtividade constituem os principais fatores para o crescimento da produção de grãos.
Os riscos também são menores, uma vez que a mão de obra é mais barata e o custo das terras também. Mas o que realmente fez com que MAPITOBA se tornasse uma região com PIB superior a R $55 bilhões de reais é que o estado interferiu o mínimo possível para frear o progresso.
Sempre que uma atividade econômica demonstra potencial, o estado sente a necessidade de morder uma parte da torta do sucesso. Seja através de regulamentações desnecessárias que só encarecem o processo de produção, seja pela cobrança exorbitante de tributos.
Mas em MAPITOBA, eles entenderam que ganhariam muito mais pelo fluxo de capital que circularia ali, do que dificultando a atração de investimentos.
A riqueza nesse polo de desenvolvimento transformou as áreas urbanas vizinhas com a chegada de indústrias e serviços integrados à cadeia da produção agropecuária. Houve um aumento do fluxo migratório e o crescimento de uma nova estrutura urbana e econômica. A cidade de Luís Eduardo Magalhães (BA), que tem o maior polo de produção agrícola do Estado e que converge boa parte da produção de soja destinada à exportação, hoje é o município que mais cresce em população no Brasil. Desde sua emancipação, em 2000, sua população saltou de 18 mil habitantes para 80 mil. Balsas (MA), Araguaína (TO) e Uruçuí (PI), também experimentaram grandes saltos populacionais.
O exemplo de MAPITOBA é a prova viva de que instituições econômicas inclusivas (instituições econômicas e políticas que permitem o crescimento), aliadas às condições favoráveis, podem transformar uma paisagem árida e miserável num verdadeiro oásis de desenvolvimento econômico.