Em 1935, Antônio Gramsci terminava de escrever os conhecidos Cadernos do Cárcere, livro em que descreve que a revolução mais efetiva pode ser feita de forma menos alarmante aplicando-a sucintamente na educação do país. Quer dizer, pequenos conceitos históricos e filosóficos podem ser alterados e ensinados nas escolas com o objetivo de manipular o imaginário do coletivo e suas percepções, assim, aumentando a massa militante para certas pautas.
Muitas das teorias de Gramsci foram desenvolvidas para o contexto brasileiro pelo “mestre educador”; Paulo Freire. Ele criou uma filosofia que surgia para revolucionar as técnicas de ensino no Brasil com o intuito de vislumbrar uma educação que preza pela análise de capacidades individuais (feita de forma completamente errônea), e contextualiza os ensinamentos, limitando-os ao contexto social de cada um. Ele acreditava que a educação deveria se preocupar mais em reforçar características pessoais e apreciar os diferentes contextos sociais, do que corrigir de forma objetiva os erros cometidos e utilizar a educação tradicional e de repetição para colocar na cabeça de um estudante o que, de fato, é um verbo ou um pronome.
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Essa técnica aplicada desde a introdução de uma criança no ambiente escolar, até sua saída para o meio acadêmico superior, gera enormes impactos principalmente se os pais não fiscalizarem o que está no material didático de seus filhos.
Em 2019, um professor do Pará foi gravado usando xingamentos para se referir aos adversários do PT e do Lula, dizendo que “ninguém nunca foi tão perseguido injustamente quanto o Lula”, o impeachment foi golpe e “esse papo de corrupção” é apenas “propaganda para otário cair”. Ainda xingou o juiz Sérgio Moro, referindo-se a ele como “juiz de merda”. O problema em questão jamais será o professor ter uma opinião política. Esse é um direito totalmente garantido a qualquer cidadão. O problema começa quando esse professor quer se aproveitar de sua posição de autoridade para disseminar suas idéias como uma cartilha ideológica e militante para crianças, que o ouvirão como se o conteúdo disseminado fosse simplesmente uma verdade absoluta, que eles precisam aprender e não discordar, afinal, discordar de um educador parece absurdo.
Podemos ouvir diversos relatos de alunos que, ao questionarem o professor militante em sala de aula, sofrem com importunações, provocações, incentivos ao rechaçamento por parte de outros alunos e até punições em forma de notas injustas, etc.
O discurso neutro raramente poderá ser uma opção viável para encontrar um meio termo entre a liberdade de expressão do professor e a liberdade de formulação de opinião do aluno, já que todos possuímos opiniões e é difícil separá-las quando mencionamos um tema polêmico, mas um professor com verdadeiro propósito de ensino sabe dar uma aula ministrada com base em mostrar que existem sempre dois lados de uma mesma história, independentemente de sua opinião pessoal e incentivar os alunos a pensarem sozinhos e administrarem suas próprias crenças.
*Por Maria Fernanda Lavieri do União Juventude e Liberdade (UJL)